O Ministério das Finanças, Ilídio Vieira Té, defendeu que a inclusão financeira é um vetor fundamental no desenvolvimento económico sustentável e inclusivo que permite que todos e, especialmente, os mais vulneráveis tenham o acesso a serviços financeiros.
Afirmou que a inclusão pode contribuir na melhoria significativa da qualidade da vidas dos cidadãos, igualmente facilita o acesso ao crédito, promove a poupança, melhora a gestão dos riscos financeiros, além disso contribui para impulsionar o crescimento das pequenas e médias empresas que constituem a “espinha dorsal” de economias em desenvolvimento.
O governante falava esta segunda-feira, 15 de Julho de 2024, na cerimónia de abertura dos trabalhos de dois dias de concertação da revisão da Estratégia Regional de Inclusão Financeira que decorre numa das unidades hoteleiras da capital Bissau.
O evento congrega, entre outras instituições bancárias, representantes dos parceiros técnicos e financeiros, reitores das universidade e diretores das escolas, para debaterem e refletirem sobre os desafios emergentes para fortalecer de forma sustentável a inclusão financeira e melhorar o seu impacto nas condições de vida das populações e no crescimento de pequenas e médias empresas.
O titular da pasta do ministério das finanças enalteceu que a Estratégia Regional de Inclusão Financeira visa criar um ambiente favorável à participação efetiva de todos, num sistema financeiro, garantindo que ninguém fique para trás, o que inclui a promoção de um quadro regulamentar robusto, fortalecimento das instituições financeiras e a implementação de programas de educação financeira.
“O nosso objetivo é garantir que as políticas e estratégias discutidas no quadro deste ateliê possam servir não só de alavanca, mas também de guia para o estabelecimento de políticas públicas coerentes e eficazes, que reflitam as necessidades e aspirações das nossas populações”, afirmou.
O governante frisou que apesar dos progressos significativos registados no setor financeiro, ainda continua a enfrentar enormes desafios como a falta de infraestruturas financeiras nas zonas rurais, a baixa de literacia financeira e as dificuldades persistentes no setor do microfinanciamento.
“No entanto, esses desafios apresentam oportunidades como a digitalização dos serviços financeiros que podem expandir significativamente o alcance desses serviços. Devemos, contudo, continuar a expandir a presença bancária e garantir que todos os cidadãos, independentemente da sua localização geográfica, tenham acesso a serviços financeiros essenciais”, reforçou.
Ilídio Vieira Té apontou, neste particular, que é crucial incentivar a inovação no setor financeiro, promovendo a colaboração entre governo, instituições financeiras e empresas de tecnologias.
O governante afirmou que a dinamização do setor do microfinanciamento constitui uma prioridade e as ações previstas no quadro da estratégia nacional de inclusão financeira adoptadas em abril de 2023 para contribuir e reforçar o setor.
O titular da pasta do ministério das finanças assegurou que o aumento do número de contas e transações de moeda electrónica demonstra uma maior aceitação e utilização desses serviços essenciais para a inclusão financeira, o que facilita o acesso aos serviços financeiros para aqueles que não possuem uma conta bancária tradicional.
Vieira Té assinalou que a Revisão da Estratégia Regional de inclusão financeira é uma oportunidade para se refletir sobre os progressos alcançados, identificar os desafios e definir as prioridades futuras.
Por sua vez, a diretora Nacional do Banco Central da África Ocidental (BCEAO), Zinaida Maria Lopes Cassamá, informou que o BCEAO lançou este ano os trabalhos da revisão da Estratégia Regional da Inclusão Financeira adotada pelo conselho dos ministros da União Monetária Oeste Africana, UEMOA, em junho de 2016.
“A presente consulta nacional enquadra-se nesta dinâmica e está em linha com a abordagem inclusiva adotada pela nossa instituição indispensável para garantir a integração das preocupações de todos os atores envolvidos, assim como a inclusão destas tendências inovadoras na nova estratégia ”
Zinaida Maria Lopes Cassamá defendeu, na sua intervenção, a necessidade de reforçar as sinergias de todos os atores envolvidos no processo, a fim de melhorar a eficácia e a coerência das ações e reformas iniciadas pelo Banco Central a nível regional e pelos programas dos Estados membros, para permitir não só a eficácia das intervenções, mas também assegurar a realização dos objetivos de uma forma eficiente.
A diretora do banco central destacou que a inclusão financeira transcende e o ecossistema financeiro constitui um desafio social para os países membros.
Por: Carolina Djeme
Fotos: CD