
Os guineenses acordaram na manhã deste sábado, 27 de julho de 2024, sem acesso às plataformas das redes sociais (Tiktok, Facebook, Instagram, WhatsApp, Youtube, Telegram), dificultando o acesso à informação e interação dos internautas guineenses no dia da realização de duas marchas projetadas.
Entre às 6 horas e às 12h30 deste sábado, constatou-se a impossibilidade de acessar as redes sociais através da internet móvel fornecida pelas duas operadoras de telecomunicações no país, a Orange e a MTN, simultaneamente. Contudo, informações apuradas indicam que os serviços de acesso à internet e outras plataformas funcionaram regularmente, permitindo as operações bancárias bem como outros serviços.
Esta situação aconteceu no dia em que duas organizações agendaram manifestações populares. Uma, a Frente Popular, visava exigir do regime a liberdade de expressão e dos direitos humanos, enquanto a outra, Firkidja di Povo, manifesta o apoio ao regime e reclama a justiça e julgamento dos suspeitos de corrupção de caso dos seis biliões de francos cfa.
Na sequência das duas manifestações populares, também constatou-se no terreno um forte dispositivo policial nas ruas de Bissau, onde os elementos das forças de segurança foram destacados e montados em diferentes pontos ou avenidas com bastões e lançadores de gás lacrimogêneo.
De um lado, a Frente Popular reivindica a liberdade de manifestação, de expressão e dos direitos humanos. Do outro, os apoiantes do regime reunidos na iniciativa denominada “Plataforma Firkidja di Povo”, cujo objetivo é apoiar o segundo mandato do Presidente Umaro Sissoco Embaló, agendou a manifestação para exigir a justiça e, consequente julgamento dos suspeitos de corrupção no caso de seis biliões de francos cfa.
FRENTE POPULAR ANUNCIA A PROTELAÇÃO DA MARCHA PARA 03 DE AGOSTO
A Frente Popular informou que a manifestação popular inicialmente agendada para este sábado, 27 de julho, para o dia 03 de agosto, celebrado no país como dia dos mártires, razão pela qual saíram à rua no local previsto para a concentração no sentido de informar os ativistas que a manifestação foi protelada.

“Reunimos ontem, 26 de julho, no gabinete do ministro do Interior, Botche Candé, onde chegamos a conclusão de que não haveria a manifestação hoje, mas decidimos naquela reunião que vamos transformar a manifestação num comício. O ministério do Interior comprometeu na reunião sob a mediação da Rede Nacional da Juventude (RENAJ), em receber a carta da Frente Popular, informando da realização da manifestação para uma outra data”, disse Lilito Paulo Quade, dirigente da Frente Popular, durante a conferência de imprensa realizada na manhã deste sábado nas instalações da Casa dos Direitos, para repudiar o comportamento de elementos das forças de segurança que lhes impediram de reunir com os ativistas com o propósito de passar as orientações sobre a nova data da manifestação.
Explicou que alguns membros daquela organização que estiveram no local para simplesmente enquadrar os manifestantes de que não haveria a marcha hoje e dar instruções sobre a nova data da manifestação, apareceram no local elementos policiais e prenderam três ativistas incluindo-lhe a ele, tendo sido levados para a segunda esquadra. No local encontraram outro grupo de apoiantes do Presidente Umaro Sissoco Embaló. Acrescentou que ele e os seus colegas foram libertados mais tarde.
Segundo a agência portuguesa de informação, a Lusa, os apoiantes do regime reunidos na Plataforma “Firkidja di Povo” contestam a libertação dos ex-governantes suspeitos de corrupção que pertenciam ao executivo deposto pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, depois de ter dissolvido, em dezembro de 2023, o Parlamento da maioria PAI-Terra Ranka, liderada pelo PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde.
Este grupo apela ainda aos guineenses para apoiarem o Presidente Embaló para um segundo mandato nas próximas eleições presidenciais que a oposição reclama para este ano e o chefe de Estado pretende fazer em 2025, informa a Lusa.
O Presidente guineense tem afirmado, por várias vezes, que as eleições presidenciais só terão lugar em 2025, uma posição contrariada por várias organizações da sociedade civil e partidos políticos que advogam que o escrutínio deve ser realizado em 2024, já que tem de acontecer antes do fim do atual mandato de Sissoco Embaló, que termina em fevereiro de 2025.
Por: Aguinaldo Ampa/Assana Sambú