Presidente Sissoco: “NÃO FOI FÁCIL RESTAURAR A AUTORIDADE DO ESTADO E A ÚNICA DIFICULDADE FOI RECUPERAR A AUTOESTIMA DOS GUINEENSES”

O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que não foi fácil para ele, restaurar a autoridade do Estado e a imagem do país no concerto das nações, tendo acrescentado que a única coisa que não conseguiu fazer foi recuperar a autoestima que os guineenses perderam perante o país e seus dirigentes políticos.

“Nenhum Presidente da República da CPLP é insultado pelos seus cidadãos nos órgãos de comunicação social como o Presidente Umaro Sissoco Embaló. Não gosto de personalizar as coisas, mas afirmo que desde a independência deste país até ao momento, nenhum Presidente da República guineense, fez tanto para mudar a imagem do país e a autoestima dos guineenses na CPLP, na CEDEAO, na União Africana e nas Nações Unidas.  Houve momento em que se considerava a Guiné-Bissau um Estado falhado, portanto não foi fácil restaurar a autoridade do Estado e autoestima dos guineenses”, disse, para de seguida afirmar que a única dificuldade que teve foi restaurar a estima que certos guineenses perderam do país e dos seus dirigentes políticos.

Embaló fez estas observações esta segunda-feira, 05 de agosto de 2024, durante uma tertúlia (Djumbai) com a imprensa nacional e órgãos internacionais com representações em Bissau, na qual fez uma abordagem da situação política vigente no país, dos casos de juízes conselheiros militares que teriam sido detidos no Estado-Maior, as razões que levaram à dissolução da Assembleia Nacional Popular (ANP),  a situação que norteou a criação do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM) e a crise interna que se  regista no seio da segunda maior formação política do país.  

Umaro Sissoco Embaló lembrou que depois de assumir as funções de chefe de Estado disse para os seus próximos que iria concentrar as suas ações no combate à corrupção, contra narcotraficantes e acima de tudo, na restauração da dignidade da Guiné-Bissau no concerto das Nações. Acrescentou que na altura tomou a decisão de iniciar o combate à corrupção no campo político, contudo reconheceu que o chefe de Estado não foi aplaudido no seu trabalho de combate à corrupção e afirmou que às vezes “o povo é cúmplice”.

Afiançou que vai prosseguir a sua luta contra a corrupção, frisando que antes de assumir as funções do Chefe de Estado trabalhou duro para ter tudo o que tem, casas e viaturas.

“Até agora usei as minhas viaturas particulares que tinha no Senegal e no Marrocos”.

Confessou aos jornalistas que as cinco viaturas Range Rover que tem no Palácio foram uma oferta do antigo presidente senegalês, Macky Sall, que segundo a sua explicação, decidiu oferecer aquelas viaturas para permitir a Guiné-Bissau receber os chefes de Estado e outros hóspedes. Revelou, neste particular, que aufere um salário mensal de 1.800 000 francos CFA. 

“TODA GENTE SABE PORQUE DISSOLVI O PARLAMENTO”

Relativamente à dissolução da Assembleia Nacional Popular, Umaro Sissoco Embaló assegurou que toda a gente sabe porque dissolveu o Parlamento, frisando que sofreu uma tentativa de golpe de Estado. 

“Se tirarmos o Presidente da República por via de um golpe de Estado, o país será sancionado. Mas quando o Presidente dissolveu o Parlamento, convocou os partidos para as eleições. Qual é a melhor fórmula? Que o Presidente seja morto, não!? Aconteceu uma tentativa no dia 01 de fevereiro de 2022, mas nunca mais voltará a acontecer…”, advertiu, acrescentando que a Coligação Plataforma Inclusiva-Terra Ranka, depois de vencer as eleições legislativas e constituído o seu governo, começou a preparar o segundo golpe para afastá-lo do poder.

“O serviço da inteligência militar informou-me que o Comandante Geral da Guarda Nacional, Victor Tchongo, estava a trazer homens do interior do país. Perguntei quem é Victor e disseram-me que era quem teria matado pessoas no Ministério do Interior. Reativamos o controlo no Safim, porque existem comandos de zonas militares e hoje o nosso sistema militar funciona melhor. As pessoas que Victor trazia, vinham com armas para se instalarem no Comando da Guarda Nacional”, disse. 

“Os guineenses ouviram o áudio da conversa de Tchongo com Domingos Simões Pereira sobre espumas e o plano que tinha contra mim… Qual é a ligação que o Presidente da Assembleia tem com o Comandante Geral da Guarda Nacional? O Presidente da Assembleia não tem nenhuma ligação nem oblíqua, horizontal ou vertical com nenhum Comissário da Polícia e muito menos com o Comandante da Guarda Nacional. Seguimos tudo isso e começamos a monitorizar as ações do governo até chegarmos ao caso de seis bilhões de francos CFA cujos responsáveis o Ministério Público estava a investigar”, disse.

Lembrou que esteve em Dubai a assistir uma conferência internacional quando foi informado que elementos da Guarda Nacional invadiram as celas da Polícia Judiciária (PJ) para retirar os governantes detidos sob a orientação do Ministério Públiem, indicando que se as autoridades não tivessem tomado o controlo da situação e reposto a ordem “seria um caos”.

“As informações que recebi das autoridades depois de regressar ao país levaram ao golpe de Estado. O Procurador-Geral da República notificou o cidadão Domingos Simões Pereira três vezes, mas este recusou comparecer para ser ouvido. O deputado José Carlos Macedo Monteiro (Zé Carlos) também foi notificado e o Parlamento decidiu bloquear a notificação, mas quando o Zé Carlos tomou conhecimento da sua notificação decidiu voluntariamente ir responder”, contou, recordando que depois de reunir as informações sobre a tentativa de golpe, convocou a reunião do Conselho de Estado e a única figura que representa uma instituição do Estado que se ausentou dessa reunião era Domingos Simões Pereira.

“Na altura em que conferi posse aos membros do Conselho de Estado, Domingos Simões Pereira foi informado pelo serviço de protocolo e disse que estava no interior a fazer consultas no quadro do Parlamento aberto. Quando voltou para tomar posse disse-lhe que a minha agenda não permitiria, por isso não participou naquela reunião do Conselho de Estado. Durante a reunião, informei aos membros sobre a tentativa de golpe de Estado que ocorreu na minha ausência, que os implicados eram fulano, beltrano e sicrano…”, referiu, afirmando que a única pessoa que falou na reunião era o Presidente da República.

Explicou que tomou a decisão de dissolver o Parlamento no sentido de permitir que todos os suspeitos no caso seis bilhões estivessem à disposição do Ministério Público que estava engajado no processo da investigação.

Embaló questionou o porquê de os partidos descontentes com a dissolução do Parlamento não apresentaram queixa no Supremo Tribunal de Justiça, tendo frisado que o Supremo Tribunal não é dele.

Sobre o caso dos juízes conselheiro do Tribunal Militar Superior, disse que as pessoas “especulam nas ruas, o assunto é restrito ao fórum militar”.

“As pessoas não têm noção que aquela é sociedade castrense. Os juízes do Tribunal Militar não são como juízes do Tribunal Civil ou Criminal, não. No Tribunal Militar, há hierarquia e é vertical, portanto quem supervisiona o Tribunal Militar é o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, mas as pessoas não entendem isso… disseram que os juízes do Tribunal Militar foram sequestrados pelo chefe de Estado-Maior e a mando do Presidente da República, mas isso é muito forte e infelizmente as pessoas não têm moderação na linguagem…”, lamentou.

“BRAIMA CAMARÁ NÃO TEM OUTRA ESCOLHA SE NÃO ESTAR AO LADO DE UMARO SISSOCO PELO BEM OU MAL”

Em relação a sua relação com Braima Camará, Coordenado Nacional do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM), Umaro Sissoco Embaló afirmou aos jornalistas estar muito chateado com Braima Camará (Bá Quecuto), contudo diz que é seu irmão.

“Bá, o seu lugar é aqui com essas pessoas, porque o seu lugar não é onde está neste momento. Bá não tem outro lugar senão estar ao lado de Umaro pelo bem ou mal, embora hoje seja amigo de Nuno Gomes Nabiam”, notou.

Por: Assana Sambú

Author: O DEMOCRATA

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