O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que o ex-primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, teria conhecimento da tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2022 e dos golpistas que queriam eliminá-lo fisicamente.
“Depois de duas horas de cerco ao Palácio do Governo, ouvi um dos assaltantes a questionar o Tchami Yalá se o reforço não viria para ajudá-los e disse para o seu colega que Bubo foi detido. Liguei logo para Samuel e perguntei se Bubo estava envolvido neste assalto e foi Samuel que me confirmou que detiveram o Bubo. Disse-lhe para retirarem-no o telefone. Ouvi um tal Punho de Ferro dizer que detiveram guardas costas do Nuno, mas o Tchami Yalá disse que aqueles seguranças estavam com eles. Fiquei exclamado e as pessoas que estavam comigo no esconderijo fizeram-me sinal para calar”, revelou.
O chefe de Estado fez essas acusações contra o seu antigo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, durante uma tertúlia (Djumbai) com os jornalistas esta segunda-feira, 05 de agosto do ano em curso, para abordar a situação política vigente, casos dos juízes conselheiros militares que teriam sido detidos no Estado-Maior, bem como as razões que levaram à dissolução da Assembleia Nacional Popular (ANP).
Lembrou que Tchami Yalá ordenou os seus colegas a entregarem as armas aos elementos de segurança de Nuno Nabiam, mas não aconteceu porque não receberam a autorização e ordenou-lhes a deixarem os seguranças sentados.
“Tchami Yalá disse que ligou para Nuno Nabiam para informá-lo que viriam, mas este não atendeu. Exclamei tudo isso, porque se trata do primeiro-ministro. Liguei para o meu chefe de Gabinete e pedi-lhe que estivessem atentos com o Nuno Nabiam, porque sabia da tentativa de golpe e que era necessário acompanhar toda a sua movimentação…”, explicou, acrescentando que “ouvi mais uma voz a ordenar os outros para ligarem para o Almirante Zamora, mas disseram eles mesmos que Zamora disse que estava de viagem.
Explicou que depois de ser resgatado por elementos da Presidência, ordenou os seus seguranças para buscar os restantes membros do governo. Acrescentou que o antigo primeiro-ministro apareceu do nada no Palácio da República para se juntar a ele, mas mandou-o imediatamente voltar para a sua casa.
O Presidente da República revelou que havia dois grupos mobilizados para fazer o golpe, um grupo mobilizado por Domingos Simões Pereira e outro pelo antigo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam.
Embaló revelou, neste particular, que ajudou Nuno Nabian a procurar meios (dinheiro) para a sua campanha eleitoral na corrida às eleições presidenciais em 2014.
“Eu nomeei-o primeiro-ministro e depois de sair do governo nomeei-o o meu conselheiro principal equiparado ao cargo do primeiro-ministro, mesmo assim quer me matar… é assim que Nuno me trata? Vou deixá-lo acertar contas com Deus”, disse.
Recordou que no encontro que manteve com Domingos Simões Pereira, este disse-lhe “Presidente estás a acusar-me de caso 01 de fevereiro, mas no dia em que souber das pessoas que estão por detrás desta tentativa de golpe… diz-lhe que sei, porque ouvi alguns nomes”.
Refira-se que cerca de 50 pessoas, entre militares e civis, estão detidos há mais de dois anos acusadas de envolvimento na tentativa de golpe, mas o Tribunal Militar Superior ordenou, no passado dia 19 de julho, a sua libertação, mas a ordem ainda não foi cumprida.
Por: Assana Sambú
