Crónica do centenário: Cabral e o medo…

O medo é uma realidade palpável. O medo existe. Cabral, no seu tempo, associava o medo no meio da população à ignorância. Uma sociedade consumida pelo obscurantismo é uma sociedade onde reina o medo a todos os níveis. O medo di polon garandi, medo di iran, medo di tchuba, medo di matu sukuru. A chave para acabar com esses medos é a educação. Libertar o povo do medo é educar a sua cabeça, torná-lo livre pela formação, pela ciência.

Tal como no tempo de Cabral, o medo continua a ser uma realidade perceptível, um fardo no quotidiano do guineense. Na família, no trabalho, na estrada, na associação comunitária, no partido político, na igreja, nas bancadas, no grupo di mandjuandadi, o medo está presente e manifesta-se de várias formas. 

O medo de conformar-se às regras para não perder certos privilégios, o medo de dizer ao chefe “não” quando está-se perante um atropelo à lei, à norma. O medo de cumprir os termos do juramento quando exercemos funções de responsabilidade. O medo de dizer a verdade! O medo de ser honesto e simples. O medo de servir os outros mesmo sem reconhecimento, retribuições e visibilidade.

O medo de ser perseverante no caminho da exemplaridade mesmo que isso possa implicar custos profissionais, riscos da integridade física, isolamento social, desastre financeiro.

Medo de defender as leis e as instituições da República! O medo de defender os símbolos nacionais!

No seu tempo, Cabral via educação como condição indispensável para libertar o cidadão do medo. Ele tinha/tem razão. A educação é o elemento básico. Mas isso não basta. É preciso compromisso com a verdade, um aliado importante para vencer o medo.

O próprio Cabral foi um exemplo do patriotismo ao manter-se fiel à causa do povo até consentir ao sacrifício supremo, a própria vida!

Bissau,  8 de setembro de 2024

Por: Armando Lona

Author: O DEMOCRATA

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