Figura da semana: AMÍLCAR CABRAL CELEBRADO COMO UM PATRIMÓNIO NACIONAL E UNIVERSAL  

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) e o Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral (CES-AC) celebram os cem anos de Amílcar Cabral com um simpósio Internacional sob o lema: um património nacional e Universal.  Para além da Guiné-Bissau e Cabo-verde, a celebração do centenário de Cabral é marcada por diversas atividades académicas, culturais e políticas em várias partes do mundo, com oobjetivo de fomentar uma compreensão profunda dos valores pelos quais Amílcar Cabral lutou e uma reflexão e inspiração, levando à multiplicação de iniciativas que refletem o espírito de justiça, de liberdade e de  humanidade que Cabral representava.  

De acordo com a televisão portuguesa (RTP), o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, na cerimónia da abertura do simpósio, apontou Cabral como personalidade que “inspira, pelo exemplo, a formular dúvidas e questões sobre os temas de hoje”, para se chegar “a soluções”. E que pela dimensão gigante do Cabral atravessa os “estreitos corredores dos partidos políticos: é património da humanidade”. Cabral morreu aos 48 anos de idade, deixando filhas em janeiro de 1973.

Biografia

Amílcar Lopes Cabral nasceu no dia 12 de setembro de 1924, em Bafatá. Foi um agrônomo doutorado, líder nacionalista e fundador e secretário-geral do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Foi considerado como um dos principais pensadores africanos do século XX.

Terminou os estudos liceais em 1944, em Cabo Verde. Formou-se em agronomia no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa, Portugal em 1950. Regressou à Guiné em 1952, colocado no posto experimental de Granja de Pessube onde conseguiu fazer levantamento da terra e dos recursos da Guiné-Bissau, durante os estudos em Lisboa, ajudou a fundar o Centro de Estudos Africanos, uma associação de estudantes africanos lusófonos que na altura desenvolveram teorias políticas sobre colonialismo e libertação.

Anos depois de se formar ajudou a fundar várias frentes contra o colonialismo português no seu país natal, assim como em Angola. E em Angola ajudou a fundar o Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA) em 1953 que mais tarde devido a unificação se formou em MPLA em 1956. Na Guiné-Bissau, fundou o Movimento para Independência Nacional da Guiné (MING), em 1955. E ano seguinte funda o PAIGC.

Rapidamente emergiu como líder, promovendo resistência política face ao poder colonial, o que levou ao Massacre de Pindjiguiti em agosto de 1959, quando os portugueses atiraram em manifestantes durante uma greve de estivadores. Aos poucos mudando de tática de resistência e de ocupação para uma guerrilha, e só declarou guerra aberta contra o colonialismo português quatro anos depois do Massacre de Pindjiguiti, a 3 de agosto de 1959. Iniciou a luta armada no dia 23 de janeiro de 1963. No mesmo ano que escreveu a letra do hino nacional, quando se encontrava exilado em Conacri.

Em 1970 recebeu o título de doutor Honoris Causa pela Universidade Lincoln nos Estados Unidos.

Já no nono ano de luta estabeleceu a Assembleia Nacional do Povo Guineense em 1972, como um passo em direção à independência. No dia 20 de janeiro de 1973, Cabral foi baleado e assassinado na sua casa em Conacri.

Ao longo dos anos na luta, tem dado suas contribuições à literatura de libertação nacional, onde o seu texto selecionado espelhava sobre a Identidade, liderança, cultura e processos de desenvolvimento. Com destaque para as obras: A minha poesia sou eu, publicada na revista Seara Nova, 1946; Acerca da utilização da terra na África negra, publicada no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, 1954; A arma da teoria, discurso pronunciado na Primeira Conferencia Tricontinental dos Povos da Asia, África e América Latina, em Havana, Cuba, 1966; Análise de alguns tipos de resistência, conversas no Seminário de Quadros do PAIGC, 1969; e Unindo as lutas, conversa com integrantes de movimentos negros nos Estados Unidos, 1972.

Por: Epifânia Mendonça

Author: O DEMOCRATA

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