O Comandante regional da Proteção Civil e Bombeiros da Região de Gabú, Major Mamadu Aliu Djaló, denunciou que os bombeiros da região continuam a utilizar métodos arcaicos para salvar vidas, enfrentando riscos inadmissíveis que colocam em perigo as suas vidas, devido à falta de materiais apropriados para executarem com eficácia e segurança o seu trabalho.
“Os agentes da proteção civil continuam a ser amarrados com corda a um pedaço de pau para descerem num poço profundo, sem oxigénio, para resgatar vítimas, isso é muito arriscado. São obrigados a fazê-lo recorrentemente, devido à falta de materiais adequados para fazerem melhor o seu trabalho com eficácia e segurança”, denunciou e alertou que as instalações elétricas feitas no mercado central de Gabú são uma ameaça pública, porque não garantem segurança nenhuma a ninguém.
Segundo Major Mamadu Aliu Djaló, associado a esse processo tão lento está outro problema de tamanho muito pequeno da mangueiras de combates a incêndios (tubos), que transportam água para a viatura e a forma arcaica que continuam a utilizar para salvar vidas, um sistema muito antigo utilizado para salvar, por exemplo, alguém que cai num poço.
PROTEÇÃO CIVIL TEM APENAS UMA VIATURA DE COMBATE QUE FUNCIONA EM CONDIÇÕES PRECÁRIAS
Em entrevista ao jornal O Democrata para falar da situação dos bombeiros de Gabú e da forma como trabalham no terreno, revelou que o Serviço de Proteção Civil e Bombeiros da região dispõe apenas de uma viatura de combate a incêndios, com capacidade de quatro mil litros e meio (4.5) de água, 36 homens, entre os quais 22 efetivos e 14 auxiliares para fazer face às demandas da população da região.
Denunciou que os homens da Proteção Civil local enfrentam dificuldades no que tem a ver com o abastecimento das cisternas, quando são chamados para intervirem em situações de incêndios, porque os locais de abastecimento ficam distantes do centro da cidade e dá-lhes muito trabalho abastecer uma viatura de incêndio, por ser um processo muito lento.
Associado a esse processo lento está outro problema de tamanho muito pequeno da mangueira de combates a incêndios (tubos), que transportam a água para a viatura e a forma arcaica que continuam a utilizar para salvar vidas, o sistema muito antigo utilizado para salvamento de alguém que cai num poço.
Mamadu Aliu Djaló disse que aquela instituição faz todo o trabalho que lhe compete, nomeadamente combate a incêndios, quedas em poços, levantamento de acidentes que acontecem de várias naturezas.
“Temos enfrentado também incêndios nos pomares de cajú que são difíceis de combater, porque fazem para-fogos para minimizar o volume de fogo e evitar o seu alastramento para outras zonas. Quanto à situação de incêndios habitacionais, não temos deparado com problema de grande escala. Temos a viatura para as operações de combate. Embora seja a única, é capaz de combater o fogo, apesar dos pneus estarem desgastados. Precisamos substitui-los, mas devido a escassos meios financeiros não temos conseguido fazê-lo. Os bombeiros de Gabú enfrentam dificuldades e continuamos a trabalhar em condições precárias”, lamentou.
De acordo com comandante regional da Proteção Civil e Bombeiros da Região de Gabú, a maior parte dos incêndios que ocorrem em Gabú, Maiores casos registados na região de Gabú são de pomares de cajú na época da seca, no momento em que os cajueiros começam florar e “às vezes denominamos esse fenómeno como inveja ou ajustes de contas”, porque “mesmo que as áreas de pomares sejam limpas, acabam por queimar e isso nos leva a pensar que algumas pessoas fazem esse trabalho propositadamente para criar dificuldades aos proprietários de pomares”.
“Quando as solicitações de incêndios de pomares de cajú acumulam, ultrapassam a nossa capacidade e, por conseguinte, não conseguimos dar respostas, porque temos uma única viatura de combate. Perante essa situação, priorizamos as zonas com maior risco de perdas para enviar a viatura e restantes homens de proteção são enviados para ajudar a apagar o fogo nas outras localidades, usando os métodos ou sistema antigos, através de ramos de cajueiros e água nos baldes”, indicou.
O responsável da proteção civil e bombeiros da região de Gabú disse que o atual número de homens que tem não é suficiente, precisa de mais homens capacitados e preparados para reforçar as delegacias setoriais de Boé, de Sonaco, de Pitche e de Pirada que neste momento têm apenas dois agentes em cada para atender às demandas da população nessas localidades, como também de ambulância para evacuação das vítimas de acidentes para os centros de saúde mais próximos e /ou o hospital regional.
“Para poder fazer uma cobertura integral da região, precisam, no mínimo, de três viaturas de combate a incêndios, uma seria colocada em Pirada para cobrir aquela zona até ao setor de Pitche, outra em Boé e a terceira ficaria na cidade de Gabú e fazer uma cobertura entre o setor de Gabú e Sonaco para fazer face às solicitações que recebemos de diferentes setores e secções. Mas como o país está com dificuldades económicas para comprar viaturas, vamos continuar a trabalhar com o que temos”.
Outra situação levantada por Major Mamadu Aliu Djaló e que os agentes do Serviço de Proteção Civil têm enfrentado tem a ver com o acesso aos Bairros no momento de combate a incêndios, devido à falta de urbanização, frisando que o mesmo estrangulamento que Bissau enfrenta também é vivido na cidade de Gabú.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS FEITAS NO MERCADO CENTRAL DE GABÚ SÃO UMA AMEAÇA PÚBLICA
“Temos zonas neste momento intransitáveis. Em algumas zonas, as pessoas estão a tentar fechar ruas para aumentar o espaço no seu terreno, através de muros, como também nos mercados com instalações sem controlo. Graças a Deus, temos conseguido fazer pontualmente e, à medida das nossas possibilidades, o nosso trabalho”, enfatizou.
Defendeu que é urgente os pequenos comerciantes e os empresários da região de Gabú começarem a pensar no Serviço de Proteção Civil daquela região, apoiando na medida do possível para que possa funcionar condignamente, porque “o Estado não tem a capacidade de resolver essa situação que estamos a enfrentar”.
“O nosso mercado está superlotado e as instalações elétricas feitas no mercado central são uma ameaça pública, porque não garantem segurança nenhuma a ninguém. Se acontecer um incêndio no mercado de Gaaú, haverá danos incalculáveis e perdas de vidas humanas indesejáveis. Não temos sequer uma boca de incêndio para abastecer a nossa viatura de combate”, alertou, para de seguida afirmar que conseguem abastecer a viatura, graças a um indivíduo que disponibilizou o seu depósito, que funciona, através de painéis solares, a uma distância de três quilómetros da cidade.
“Pedimos, pelo menos, que os empresários e os comerciantes nos apoiem com um depósito com a capacidade de 5 mil litros, instalado no edifício do Serviço dos Bombeiros de Gabú para facilitar o nosso trabalho de combate a incêndios”, reforçou.
Por: Aguinaldo Ampa