A independência tida como um objetivo indispensável à criação de condições objetivas para alavancar o progresso dos povos africanos da Guiné e Cabo Verde, está no centro da ideologia da luta de libertação nacional dirigida por Amílcar Cabral. A independência ao serviço da emancipação popular.
Em resposta a vários questionamentos de académicos, jornalistas, ativistas, sobre o significado da independência, Cabral resumia o conceito independência nos seguintes termos: “Nós chamamos independência, a soberania total do nosso povo no plano interno e externo, guiado pela própria cabeça, andando com próprios pés, de construir ele mesmo na paz e dignidade, o progresso a que tem direito como todo o povo do mundo”.
A soberania total do povo, a justiça social, a liberdade, a paz, a igualdade de oportunidades, a dignidade, são elementos constitutivos da ideologia revolucionária de que Cabral foi o principal portador.
Para se alcançar a independência, a luta era um imperativo cujos fundamentos são:
A unidade dos povos do território como condição necessária para a vitória, a solidariedade africana e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Os ideais guiaram a luta que levou à independência. E depois? O vento da euforia independentista levou para o oceano atlântico o cesto que continha as sementes da revolução e a sua base ideológica.
Os ideais que trouxeram a independência vaporaram, o colapso ideológico instalou-se, tendo provocado outros colapsos: nomeadamente a destruição da semente da unidade nacional, a queda brutal do edifício da República e suas instituições, o aniquilamento da esperança de um futuro melhor.
A miséria do povo num território rico, a legitimação do sofrimento, o obscurantismo, são os rostos da realidade bem real que se seguiu à epopeia independentista, passados 51 anos!
No longo caminho da independência, os ideais são recuperados, renovados e inovados. A independência há de se consolidar. O povo guineense, há de voltar para a história!
Bissau, 17 de setembro de 2024
Por: Armando Lona