A luta de libertação na Guiné foi uma luta popular sustentada por jovens. Tanto o aparelho político, quanto o braço armado, eram constituídos essencialmente por jovens. A revolução na Guiné foi uma revolução jovem. O próprio Amilcar Cabral tinha apenas 32 anos de idade quando fundou o PAIGC em Bissau na companhia de outros jovens de mais ou menos da mesma faixa etária.
Os primeiros comandantes do embrião da guerrilha eram todos jovens. O desmoronamento do império colonial português foi uma obra da juventude deste território. Formados em Portugal e contagiados pela agitação política, social do período pós-guerra na Europa, os jovens quadros africanos foram determinantes na disseminação da consciência política e na concepção do projeto nacionalista e independentista. Embora o início do nacionalismo africano fosse muito anterior ao próprio PAIGC, à FLING (já que em 1910, uma antena do Partido Socialista Guineense foi criado), é indiscutível que a ação desse grupo, em Angola, em Moçambique, na Guiné, em São Tomé e Príncipe, contribuiu grandemente na agitação política e social nos territórios ainda sob dominação colonial.
A criação de partidos políticos foi o motor na mobilização das massas populares em torno da libertação e independência nacional. A própria luta armada foi um laboratório de formação da consciência política e nacionalista.
As lideranças de todo o processo revolucionário foram jovens. Quando assumia as funções do Chefe de Estado em 1973, Luís Cabral tinha pouco menos de 45 anos! O presidente da Assembleia Nacional Popular, João Bernardo Vieira, tinha menos de 35 anos, Paulo Correia, posteriormente ministro da Justiça, tinha apenas 31 anos na altura da proclamação da independência. Titina Sila tinha 29 anos na altura da sua morte a 30 de janeiro de 1973.
Revolução jovem! Destino de um país independente entregue a jovens! Euforia juvenil moldada na luta pariu heróis jovens! Futuro da nação ao cuidado de jovens!!! Assim foi, no termo de uma difícil luta armada. Jovens chamados a liderar…!
O caso da Guiné e Cabo Verde não foi o único. As revoluções africanas do século passado foram idealizadas e executadas pela juventude
Em Angola, Moçambique, África do sul, Zimbabué, os jovens estiveram na vanguarda!
Em suma, a revolução é para jovens, a condição que os mesmos sejam portadores dos ideais revolucionários. Na medida que saibam interpretar o momento, o chamamento!
A revolução não se decreta, não se herda, sente-se, vive-se e constrói-se!
Se os heróis da resistência secular na Guiné não se resignaram na defesa do território, se a geração da independência não virou as costas à luta em defesa da pátria, qual seria o justificado da geração de jovens hoje?
Bissau, 18 de setembro de 2024
Por: Armandinho Lona