Crónica do Centenário: República em ruínas…

Nasceu em 24 de setembro de 1973 para ser República de referência resultante de um processo histórico revolucionário assegurado por um povo com fome de liberdade e dignidade. República, moldada na luta, brilhou nos momentos iniciais. Retrocedeu e nunca mais se reencontrou.
Nasceu para ser uma República de leis. Nasceu para ser uma República modelo na afirmação de valores de dignidade do Homem. Era essa a República sonhada e para a qual muitas vidas ficaram pelo caminho, milhares de corpos amputados. Muitas cicatrizes que  testemunham a realidade infernal da revolução pela emancipação deste povo.

Depois de tudo, quem imaginava nas peripécias que se seguissem? Quem chegou a admitir o  colapso ideológico e o desvio comportamental que levassem ao colapso maior, o da República?  Os seus alicerces
consumidos pelos vícios da ganância e loucura do poder absolutista subtraído na sequência da aventura de novembro desajustador. Tempo e contratempo, os ponteiros nunca ficaram ajustados!

Os eventos subsequentes confirmaram a realidade de uma República em erosão, uma República falida. A euforia do multipartidarismo acelerou a erosão, decapitou os restos de alicerces que sobreviviam.

República em ruínas! República em falência! Suas instituições hipotecadas, suas leis desvirtuadas, seus símbolos banalizados, seus princípios “desmalgosados“, seu orgulho enterrado. É este o estado clínico da República sonhada por Cabral!

Há de se reerguer? Sem dúvida ! A República restabelecer-se-á  e nela os sonhos serão desenterrados, hino da vitória cantado por crianças ao ritmo da esperança renovada numa Nação reencontrada rumo ao progresso!

Bissau, 26 de setembro de 2024

Por: Armando Lona

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