Caso 6 bilhões: EX-MINISTRO DAS FINANÇAS DETIDO PELAS POLÍCIAS DA ORDEM PÚBLICA 

O Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, denunciou que o antigo ministro das finanças Finanças, Suleimane Seidi, terá sido “raptado” esta quarta-feira, 2 de outubro, pelas forças de segurança afectas ao Ministério do Interior, sublinhando que o antigo governante não representava nenhuma ameaça e risco ao processo de seis bilhões de francos CFAs. 

Em conferência de imprensa realizada na sede da organização, na presença dos familiares do antigo governante, Bubacar Turé lembrou que Suleimane Seidi tem cumprido a decisão do Juiz de Instrução Criminal de apresentar-se semanalmente no tribunal, pelo que entende que não há motivo que justifique a sua detenção.

“Por isso, o Dr Suleimane Seidi foi detido arbitrária e abusivamente a mando deste regime autoritário e ditatorial que tem perseguido as vozes discordantes e os opositores. Aliás para a Liga, esta detenção hoje é uma perseguição política e não tem rigorosamente nada de judicial, porque não há motivo para tal” vincou o ativista. 

Por isso, Bubacar Turé exige à libertação imediata e incondicional ainda hoje do também dirigente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. 

“Porque a cada minuto que passa com o Dr Suleimane Seidi nas instalações do Ministério do Interior, o Estado da Guiné-Bissau está a cometer um crime contra este” disse Turé, sublinhando que o rapto representa um exemplo concreto do carácter autoritário desse regime que não tem poupado os esforços para perseguir as vozes discordantes e os opositores no país. 

“Não somos a favor da impunidade. Se de facto o Dr Suleimane Seidi desviou uma soma de erário público, ele deve ser responsabilizado pelos seus atos. Mas esta responsabilização deve ser feita nos exatos termos previstos na lei. O que estamos a ver, não é um processo que visa descobrir algo. Para nós, o que está a acontecer é a perseguição política. Dr Suleimane Seidi deve ser apenas vítima de alguma cabala política que pretende atingir determinadas pessoas. E ele é apenas um bode expiatório para este objetivo” afirmou. 

Ainda que fosse no âmbito do processo dos 6 bilhões, Bubacar Turé, afirmou que, esse processo na fase processual em que se encontra, ele não pode ser detido, porque o Ministério Público acusou definitivamente o processo e que o processo aguarda o julgamento e o juiz de Instrução Criminal decidiu “soberanamente” ordenar a sua libertação e a do secretário de Estado Tesouro, afirmando que não há ninguém neste país que tem o poder de ordenar a sua detenção. 

“Portanto, esta detenção é uma detenção política, encomendada, através da chamada Ordem Superior, esta ordem ilegal que, lamentavelmente, substituiu a ordem jurídica na Guiné-Bissau” vincou, considerando “abuso de poder, arbitrário e ilegal” o ato perpetrado pelas polícias do Ministério do Interior.

Por fim, o também jurista informou que a sua organização vai partilhar as informações com os seus parceiros internacionais que mais uma vez terão mais um elemento que prove que a Guiné-Bissau tem um regime que não tem o mínimo respeito pela dignidade humana, pelas leis e ordem jurídica, pelo contrário é um regime de repressão, de ataques constantes contra os cidadãos, de perseguições políticas, de detenções arbitrárias e abusivas.

“Portanto, é este o contexto em que os guineenses vivem, e nós, enquanto cidadãos, temos que estar preparados para desafiar este contexto para fazer regressar à Guiné-Bissau a normalidade democrática e ao respeito dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos” concluiu Bubacar Turé. 

Por: Tiago Seide

Author: O DEMOCRATA

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