Região de Gabú: SOCIEDADE CIVIL DIZ QUE A INSEGURANÇA AUMENTA A CRIMINALIDADE E ROUBO DE GADO

A presidente da Sociedade Civil da região de Gabú, Djenabu Sano, denunciou que a insegurança tem aumentado a criminalidade, a violação dos direitos humanos, o roubo de gado e de bens nas aldeias e no setor de Gabú.

Frisou que apesar dos esforços das autoridades, os populares de Gabú e setores que compõem a região leste do país continuam a queixar-se da insegurança e pediram maior engajamento do governo regional no combate a esses fenómenos que têm causado muita inquietação dos cidadãos locais.

Djenabu Sano fez essas observações em entrevista exclusiva ao jornal O Democrata, em que abordou diferentes assuntos tidos como estrangulamentos ao desenvolvimento local daquela região.

A ativista disse que enquanto parceiros do governo regional, têm reportado essas preocupações junto das autoridades no sentido de criarem condições para garantir a segurança não só aos citadinos, como também daqueles que vivem nos setores.

“As autoridades têm alegado dificuldades para enfrentar esses fenómenos e fazer face à situação, nomeadamente de recursos humanos e financeiros, de equipamentos, sobretudo viaturas para o patrulhamento em Gabú e em todos os setores e aldeias daquela região, permitindo-lhes conhecer as dificuldades e as necessidades da população”, indicou.

A responsável da Sociedade Civil assegurou que enquanto organização que zela pela defesa dos direitos dos cidadãos, nunca estarão cansados e sempre que necessário vão levar as preocupações da população às autoridades, mesmo que continuem a invocar a falta de meios financeiros e materiais, porque “é uma missão que têm de cumprir”.

Lembrou que a organização dispõe de representantes em diferentes setores e secções que lhes fornecem informações sobre a situação da vida da população e que a partir desses dados conseguem colocar as autoridades a par da situação e das necessidades mais prementes da população para poderem intervir, porque “é uma obrigação do Estado criar condições em cada lugar onde vive um filho da Guiné-Bissau”.

“Trabalhar nas organizações da sociedade civil na região de Gabú não é fácil, devido às ondas de violência que acontecem na região. O nível de conhecimento das pessoas sobre os seus direitos é baixo, mas sentimo-nos orgulhosos do nosso trabalho. É uma missão nobre, defender os mais fracos, sensibilizar as comunidades para estarem no mesmo nível de informação de exigir os seus direitos junto das autoridades regionais, setoriais e de secções”, afirmou, tendo denunciado que foi várias vezes ameaçada porque estava a defender e a exigir que fossem criadas condições de vida à população.

“Ou porque alguma vez fiz uma denúncia sobre comportamento anormal das autoridades, da sociedade, mas isso não me tira o sono, nem me faz pensar em desistir deste trabalho, da missão que escolhi e que tanto amo e faço com todo o carinho. Mesmo que isso venha a custar-me algo maior estou disposta a pagar a fatura”, sublinhou.

Relativamente ao setor de saúde, Djenabu Sano disse que a região de Gabú tem apenas o único hospital regional que recebe todos os casos graves provenientes dos setores, das secções e  das tabancas, isso superlota-o, não consegue fazer um atendimento eficaz,  porque os centros de saúde instalados nos setores não dispõem de condições exigidas  em termos de materiais e de técnicos para receber doentes e fazer um tratamento eficiente, de maneira que é preciso alocar meios e ampliar outros serviços no hospital regional para poder estar à altura  dos desafios e responder às demandas da população, porque “ o acesso a saúde é um direito fundamental e consagrado na Constituição da República”.

ATIVISTA CRITICA PÉSSIMAS CONDIÇÕES SANITÁRIAS E A EVACUAÇÃO DE DOENTES PARA BISSAU

“Não é normal continuar a assistir a evacuação de doentes de Gabú para Bissau. Uma região como essa deveria ter condições de fazer todo tipo de tratamentos para os cidadãos que vivem nessa zona, mas como o Estado não se preocupa com essas questões, os cidadãos continuam a pagar a fatura”, criticou e disse que se levantam para defender e exigir  que as coisas funcionem  e que as autoridades garantam o funcionamento dos setores vitais, nomeadamente saúde, educação, criar condições para que a população tenha acesso aos produtos de primeira necessidade e infraestruturas rodoviárias  e sociais adequadas , às vezes são mal vistos e conectados com questões políticas.

Djenabu Sano disse que essas acusações lhe preocupam, por se sentir que lida em conexão alguma com a política partidária ativa, mas “se decidirmos hoje fazer a política ativa, fá-lo-emos corretamente em relação às pessoas que nos conectam, mas como não faz parte da nossa prioridade, vamos continuar a trabalhar pela sociedade”, assinalou.

A ativista criticou o estado de degradação da estrada principal e vias de acesso à Gabú, porque a praça está toda esburacada e ninguém tem a coragem de vestir roupa branca para andar na praça ou nas vias de acesso, devido ao estado avançado de degradação das vias na cidade que produzem tanta receita para o Estado da Guiné-Bissau, de maneira que “é preocupante”.

Defendeu, neste particular, que é urgente o governo regional proceder à reabilitação das vias que dão acesso à cidade para permitir que os cidadãos circulem da melhor maneira como também evitar acidentes.

Segundo Djenabu Sano, a cidade de Gabú está totalmente desconfigurada, sobretudo a praça e zonas da residência da governadora, o Comité de Estado, que está neste momento quase intransitável.

“É uma vergonha, por isso é urgente que os atuais responsáveis regionais trabalhem, sem poupar esforços, para melhorar a estrada e resolver essa situação triste para uma cidade como Gabú. Os filhos de Gabú também merecem viver em condições. Pelo menos, a reabilitação da estrada poderia, no mínimo, orgulhar-lhes”, lamentou a ativista.

Por: Aguinaldo Ampa

Foto: A.A

Author: O DEMOCRATA

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