O ministro da Saúde Pública, Pedro Tipote, inaugurou esta sexta-feira, a Unidade de Atendimento e Planeamento Familiar, junto à Maternidade do Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM).

A sala, o único espaço desta natureza, dispõe de equipamentos de ecografia para as grávidas, que se insere no âmbito do Projeto Melhoria do Acesso à Saúde Sexual e Reprodutiva do Ministério da Saúde Pública e visa combater a mortalidade materna.

Depois de receber explicações e cumprido todas as formalidades, o ministro da Saúde defendeu que às mães e grávidas devem ser dadas a maior segurança possível para que possam realizar partos seguros.

O ministro da Saúde reconheceu que a unidade deste tipo dava muita falta ao país e disse esperar que os problemas que o sistema tem enfrentado neste setor reduzam, porque “há mulheres que ficam grávidas, mas não sabem se estão grávidas e mesmo sabendo que estão grávidas não têm um acompanhamento regular e pertinente para garantir suas vidas e as das crianças que vão nascer”.

“Esta unidade reveste-se de importância capital, porque são as mulheres que nos dão a vida. Devem ser cuidadas e dadas um tratamento adequado para garantirem vidas e reproduzirem. Somos oriundos e nascemos das mulheres. Acredito que, com um seguimento médico apropriado com os aparelhos que pude contratar aqui e assistir a serem usados para observar uma grávida na minha presença que estava lá na marquesa, estamos a dar passos significativos para garantir que os bebés nasçam saudáveis e bem”, enfatizou.

O governante admitiu que” há muita mortalidade materna na Guiné-Bissau”, que se o país não se precaver, terá sempre esses indicadores a subirem a cada dia, mas “os aparelhos vão permitir detetar tudo quanto é possível observar à volta das crianças que já vão nascer com algumas patologias, malformações e outros problemas que poderão ocorrer durante a gestação”.

Destacou como terceira valência dessa unidade a redução do custo da ecografia na Maternidade no Hospital Nacional Simão Mendes e garantiu que as grávidas não recorrem com maior frequência às clínicas privadas que cobram muito dinheiro, o que tem causado muita mortalidade no país.          

Em declaração aos jornalistas, Pedro Tipote defendeu que é preciso alargar essas unidades às outras unidades hospitalares em Bissau e nas regiões para descongestionar o único hospital de referência que o país tem.

Por sua vez, Abimite Cá Mendes, do setor da imagiologia que lida com o aparelho da ecografia, admitiu que a máquina que estão a usar neste momento tem outra dimensão, maior resolução e fornece as imagens com detalhes que podem ajudar a reduzir a alta taxa da mortalidade no país.

“Evitar problemas, logo à nascença, de algumas crianças com malformação que poderão vir a ser incompatíveis com a vida. A sociedade guineense, às vezes, não perdoa situações de crianças com esses problemas. São discriminadas ou tratadas como extraterrestres. Com os aparelhos que temos agora, poderemos detetar os problemas e as mães poderão ter tempo e a oportunidade de decidirem se querem ou não ter esses filhos”,

Revelou que trabalham num ambiente de sufoco, porque os parcos materiais que existem ficam no Simão Mendes para cerca de dois milhões de habitantes, que têm que sair de todas as regiões e os que não têm meios financeiros, logo, são vítimas do sistema.

“Tenho atendido muitas grávidas que saem do setor de Tite, Sul do país. Sou tão sensível às mulheres que saem desta zona, porque têm de vir em pequenas embarcações e regressam o mesmo dia, por isso chamam-me doutora das mulheres de Tite, neste caso específico. Mas estamos a falar de muitos casos que acontecem cá, de mulheres que saem do interior, porque não têm familiares para acolhê-las em Bissau. Por falta de meios e as dificuldades que enfrentam para chegar a Bissau, algumas até chegam aqui com uma barriga já de nove meses sem se quer que terem feito uma única vez a ecografia”, lamentou.          

Importa referir que neste momento, um grupo de médicos especialistas portugueses contratados pelo Ministério da Saúde Pública está a ministrar uma ação de formação para os médicos especialistas nacionais na Unidade de Atendimento e Planeamento Familiar, que inclui a ecografia com aparelhos que fornecem informações com poucas margens para erros em resultados médicos.

Por: Filomeno Sambú