Vice-presidente da API: “EM 72 HORAS SE O PR SISSOCO NÃO MARCAR ELEIÇÕES LEGISLATIVAS, NÃO HAVERÁ 16 DE NOVEMBRO”

O vice-presidente da Aliança Patriótica Inclusiva (API – CABAS GARANDI), Baciro Dja, advertiu o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas e os oficiais superiores para aconselharem o Presidente da República a marcar a nova data para as eleições legislativas, “porque se o Presidente Umaro Sissoco Embaló não agendar a nova data de eleições legislativas em 72 horas não haverá a comemoração de 16 novembro”.

“Estamos a privilegiar o diálogo com o Presidente da República e estamos disponíveis para o diálogo, porque entendemos que não podemos ir com a emoção ou raiva porque se não, não vamos estragar este país. Não temos casas em Portugal ou noutro lado do mundo, as nossas casas estão aqui na Guiné-Bissau, razão pela qual estamos a privilegiar o diálogo com o chefe de Estado, mas se não conseguirmos entendimento por via do diálogo, então resta-nos só uma única alternativa que é a via da revolução violenta”, advertiu o político, aproveitando a ocasião para alertar o Presidente sobre a a responsabilidade para um diálogo responsável.

“Vimos a atribuição de patentes na classe das forças armadas e segurança. Compreendemos a profundidade desta atribuição de patentes, porque fomos ministro da defesa e dos combatentes da liberdade da pátria e também presidente do Instituto Nacional da Defesa. Compreendemos esta empreitada profundamente e sabemos o alcance de tudo isso, sobretudo o que querem com isso”, assegurou, para de seguida, chamar a atenção ao Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General Biaguê Na N’Tan, seu adjunto, General Mamadu Turé (Nkrumah) e todos os oficiais superiores, que “se a nova data de eleições legislativas não for anunciada em 72 horas, não haverá a comemoração de 16 de novembro”.

O dia 16 de novembro é assinalado como o dia da criação das forças armadas da Guiné-Bissau, que este ano completa 60 anos de existência. As autoridades agendaram a celebração da data com a realização de vários eventos para além do desfile militar.

Baciro Dja fez estas afirmações na conferência de imprensa realizada este sábado, 10 de novembro de 2024, para reagir ao despacho do Presidente interino do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Lima António André, que indeferiu a candidatura da Aliança Patriótica Inclusiva, da qual responsabilizou aquela instância judicial e o governo pela incapacidade de organizar eleições legislativas.

O antigo primeiro-ministro criticou duramente a interrupção do processo eleitoral pelo chefe de Estado, tendo igualmente criticado o governo que, segundo a sua explicação, tinha a única missão de organizar eleições legislativas que tinham sido agendadas para 24 de novembro.

“Pedimos a este governo para se demitir em 72 horas, porque foi incompetente por não conseguir cumprir a sua única missão. Pedimos ainda aos nossos irmãos da Coligação PAI Terra Ranka, que estão no governo a demitirem-se em bloco”, disse, afirmando que o governo de iniciativa presidencial conta com 76 membros do Comité Central do PAIGC, partido que dirige a Coligação PAI Terra Ranka.

Baciro Djá convidou a Coligação PAI Terra Ranka para aderir à revolução popular que a sua coligação pretende levar a cabo, afirmando que se a nova data de eleições não for anunciada, não pode haver a comemoração do dia das forças armadas nem hoje, nem amanhã. “Convidamos todo o povo guineense que, a partir de hoje, para passarem a utilizar as tampas de panelas de fogão para protestar. A partir das 10 horas de manhã tomem as tampas de panelas para tocar com muita força reclamando que não têm pequeno almoço. Às 12 horas voltam a tocar as tampas de panelas, reclamando a falta do almoço. E se os presidentes que forem convidados para participar no evento de 16 novembro, vamos tocar tampas da panela como uma forma de manifestação”, contou.

Sobre a decisão do Supremo Tribunal de Justiça que indeferiu a lista da candidatura de API-CG, disse que “é uma encomenda muito malfeita e desorganizada”.  

FIDELIS FORBES PEDE À POPULAÇÃO PARA ENFRENTAREM O GÁS LACRIMOGÊNEO PARA MANIFESTAR E EXIGIREM AS ELEIÇÕES

O coordenador em exercício do Movimento para Alternância Democrática (MADEM), Fidelis Forbs,disse que o Presidente Embaló quer uma justificação junto dos seus homólogos da CEDEAO sobre o adiamento das eleições legislativas, que aquela organização teria aconselhado a sua realização na data inicialmente marcada, 24 de novembro.

“O Presidente vai pegar o despacho do Supremo Tribunal de Justiça, no qual diz que a API não está preparada e foi desqualificada, não podendo participar nas eleições, assim como a Plataforma Republicana e PAI Terra Ranka, tem o seu problema e o seu líder não pode concorrer às eleições. O Presidente vai tentar justificar que os partidos políticos não estão preparados para irem às eleições e por isso interrompeu o processo”, assegurou.

O político afirmou que o juiz conselheiro Lima André decidiu erradamente, tendo sublinhado que “Lima André pode fazer tudo o quer com o seu diploma e a sua biografia, mas não tem o direito de estragar a instituição da justiça da República Guiné-Bissau”.

“É chegada a hora de unirmos todas as forças políticas disponíveis para realizar uma manifestação popular contra todos estes atos. Não temos medo de nada, mas em toda República é preciso eleger o diálogo para a busca de soluções para os problemas que o país enfrenta e tirar as pessoas às ruas é uma das soluções. Hoje não há Parlamento, morreu. Não há governo, morreu e igualmente não há justiça, que também morreu! Ficamos apenas com a Presidência da República. A Presidência da República está em coma e no dia 27 vai morrer e se morrer, como ficará o país?”, questionou, pedindo ao povo para estar atento e preparado para sair à rua para manifestação e enfrentar o gás lacrimogêneo com o propósito de exigir as eleições legislativas.

Por: Assana Sambú

Author: O DEMOCRATA

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