A Aliança Patriótica Inclusiva – Cabas Garandi e Plataforma Aliança Inclusiva – Terra Ranka, anunciaram esta quinta-feira, 14 de novembro de 2024, que tomaram a decisão de protelar as manifestações políticas agendas para depois das comemorações do dia das forças armadas guineense, que se assinala a 16 de novembro.
O anúncio do adiamento das manifestações políticas agendas pelas duas coligações eleitorais foi feito pelo líder da Coligação PAI – Terra Ranka e também do Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, durante uma conferência de imprensa realizada na sede do partido libertador (PAIGC), em Bissau, na qual criticou as forças de segurança que os impediram de fazer uma declaração aos jornalistas depois de entregarem uma “Carta Aberta” junto da representação da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), no bairro de enterramento, periferias da cidade de Bissau.
Os elementos das forças de segurança cercaram as mediações e todas as entradas que dão acesso à instalação da representação da CEDEAO. Depois da entrega da carta feita por representantes das duas coligações e quando se preparavam para fazer declarações à imprensa na berma da estrada principal ao lado da vedação do Palácio do Governo, as forças de segurança apareceram e impediram os líderes políticos de fazer a declaração, empurrando-os para a estrada principal, de onde depois foram retirados.
Os líderes decidiram cancelar a declaração e convidar a imprensa para a sede principal do PAIGC, onde fizeram uma conferência de imprensa de menos de dez minutos para depois concertaram a porta fechada.
Na sua comunicação aos jornalistas, Domingos Simões Pereira, que também é o presidente da Assembleia Nacional Popular, disse que perceberam a intenção de instrumentalizar as forças armadas contra este coletivo, por isso decidiram adiar todos os atos nos próximos dias ou até ao dia 16 de novembro. Contudo, garantiu que vão continuar a trabalhar.
“A entrega da carta é um ato político e vamos preencher todo este espaço. Dissemos de forma muito clara que a partir do dia 17, nós vamos convocar o povo guineense a fazermos uso dos nossos direitos e liberdades para a reposição da ordem constitucional na Guiné-Bissau”, disse.
O político explicou que o coletivo foi a sede da representação da CEDEAO para entregar uma carta endereçada ao presidente da Comissão daquela organização sub-regional, tendo frisado que a coligação não compreende a ideia do bloqueio feito pelas forças de segurança.
“Foi nos informado que ordens superiores dizem que só dois elementos podem aceder à sede da CEDEAO, portanto acabamos por ser os dois a fazer a apresentação da carta. Temos que repudiar este ato e temos que dizer de forma muito clara que o povo guineense não vai aceitar a substituição da nossa Constituição por ordens superiores. Funcionou durante muito tempo, mas tem os dias contados. Ordens superiores vão deixar de existir na Guiné-Bissau, vamos voltar a respeitar a Constituição da Guiné-Bissau”, advertiu o presidente do Parlamento.
Em relação ao conteúdo da carta, disse que os partidos políticos são os principais atores do jogo político.
“Quando entidades políticas se sentam para conversar e conseguem chegar a consensos, isso deveria alegrar todos, porque qualquer consenso que se estabelece a nível político facilita o funcionamento dos órgãos da soberania e facilita o reconhecimento e aplicação das nossas leis e particularmente da Constituição da República”, notou, para de seguida chamar atenção sobre o cumprimento do calendário eleitoral e sobretudo a necessidade do funcionamento dos órgãos de soberania e particularmente para o “risco de chegarmos ao dia 27 de fevereiro de 2025 e passamos a não ter nem o Presidente da República, nem Assembleia Nacional Popular, nem o Supremo Tribunal de Justiça, legalmente constituídos e nem o governo resultante de eleições”.
“Alguém nos está a convocar para um quadro de anarquia e caos total. Nós não podemos aceitar isso, portanto os partidos que estão representados nas respetivas plataformas estão decididos a convidar o povo guineense a fazermos jus aquilo que a Constituição nos dá como direito para reivindicar os nossos direitos, as liberdades fundamentais e exigir o funcionamento da ordem democrática na Guiné-Bissau”, contou.
Questionado se entre as ameaças do Presidente da República e as repressões violentas das forças de segurança, o que mais atormenta ou mete medo à coligação, respondeu que “o que mais mete medo é a existência de ordens superiores que tentam substituir a Constituição da República”. Acrescentou que todos os cidadãos só podem sentir segurança quando sabem que as leis são respeitadas e aplicadas.
Por: Assana Sambú