O Presidente da República, Umaro Sissoco Embalo, anunciou este sábado, 16 de novembro de 2024, que na próxima semana convocará todas as estruturas do Estado incluindo a Comissão Nacional de Eleições, partidos políticos e corpo diplomático sedeado no país para a marcação das eleições legislativas brevemente, “porque a Guiné-Bissau nunca será refém de ninguém e muito menos do Chefe de Estado”.
Embaló falava na cerimónia da celebração de 60 anos da criação das Forças Armadas da Guiné-Bissau que se comemora juntamente com 51° aniversário da independência do país e igualmente o centenário de Amílcar Lopes Cabral, sob o lema “Lembrar o passado com orgulho, olhar o futuro com confiança”.
O evento foi realizado na avenida Amílcar Cabral no centro da cidade em Bissau e contou com a presença de vários chefes de Estado, nomeadamente, o presidente da República do Congo Brazzaville, Denis Sassou Nguesso, Presidente da República da Gâmbia, Adama Barros, Presidente da República do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, Xu Kunlin, Governador da Província de Jiangsu da República Popular da China, bem como com os representantes do Gana, Cabo Verde, Serra Leoa, São Tomé e Príncipe, Djibute, Mauritânia, Angola, Guiné Equatorial entre outras personalidades que vieram assistir.
A entoação do hino nacional “Esta é a nossa Pátria Amada” marcou a abertura da cerimónia da comemorações e foi acompanhado por 21 tiros de canhão. A cerimónia serviu também para a condecoração de mais de 10 oficiais das forças armadas e apresentação pública do livro do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Biaguê Nan Tan, intitulado “Percurso de Um Combatente”, cujo objetivo é inspirar militares mais novos. A cerimónia foi igualmente marcada por um desfile dos elementos de diferentes ramos que constituem as forças de defesa e segurança da Guiné-Bissau.
O desfile contou ainda com a parte civil no qual participaram regiões, escolas, associações, academias e organizações juvenis.
“FORÇAS ARMADAS DEVEM EMPENHAR-SE NA CONSOLIDAÇÃO DA PAZ E DO ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO”
Na sua mensagem à Nação, o chefe de Estado guineense, disse que a ordem, disciplina, o desenvolvimento e progresso devem ser cumpridos no país. Acrescentou que a Guiné-Bissau está ser vista como qualquer outro estado, de maneira que o combate contra a corrupção, o narco tráfico e outros atos que a sociedade guineense não quer é inquestionável e inegociável até quando sair do poder.
“Na qualidade do Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, presto, neste dia das Forças Armadas, uma homenagem merecida ao Amílcar Cabral, líder da nossa Luta de Libertação Nacional. Presto igualmente uma merecida homenagem a todos os nossos Heróis Nacional, em particular Nino Vieira, este que foi o mais destacado Chefe Militar da nossa Luta Armada de Libertação Nacional e o primeiro Presidente da Assembleia Nacional Popular, que proclamou o Estado da Guiné-Bissau e a memória de todos os Combatentes da Liberdade da Pátria”, lembrou.
O Chefe de Estado, informou que nas últimas décadas, a ocorrência de golpes militares desacreditou completamente as Forças Armadas, de maneira que era preciso voltar a construir efetivamente uma verdadeira instituição castrense, sendo que é um processo que é inseparável da fidelidade à Constituição da República, da cultura de hierarquia, disciplina, ordem e auto-estima. Acrescentou que a instituição republicana fundamental do Estado guineense, que são as Forças Armadas vão continuar a empenhar-se na consolidação da paz, segurança do povo guineense e na estabilidade do Estado de Direito Democrático.
“Com o início da nossa Luta Armada de Libertação Nacional, em janeiro de 1963, as nossas primeiras unidades de guerrilha foram submetidas a uma das mais duras provas de coragem e de sacrifício. Poderosos meios navais de guerra foram postos em ação para isolar, montar um cerco à Ilha de Komo, e quebrar a resistência dos Combatentes.
Foi o primeiro grande embate entre as forças armadas coloniais e os combatentes de libertação nacional no qual a “Batalha de Komo” na literatura colonial, era a “Operação tridente”, uma ofensiva que iria durar mais de dois meses, de janeiro a março de 1964 e foi nesse contexto, fortemente marcado pela coragem que foi demonstrada pelos combatentes na ‘Batalha de Komo’ e pela determinação de executar as pertinentes recomendações do Congresso de Cassacá, reunido no mês de fevereiro de 1964, que Amílcar Cabral decidiu reestruturas as nossas primeiras unidades de guerrilha”, sublinhou.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: Marcelo Na Ritche