[Edição impressa, nº599/ Ano XII, de 28 de novembro de 2024] A base de legitimação da democracia na Guiné-Bissau deixou de ser o jornalismo como fonte de consenso na produção de conflito de ideias saudável e passou a ser uma massa de Forças da Ordem instrumentalizada para espancar os jornalistas em todas as suas atividades de exercício de democracia multipartidária no nosso país.
As Forças da Ordem tornaram-se essencialmente num dispositivo social que se destina apenas a repressão instrumentalizada pelo próprio poder político contra os jornalistas em todos os espaços públicos nacionais, onde decorrem quaisquer eventos de manifestação como instrumentos de reforço de democracia multipartidária nacional.
Quando olhamos para os interesses particulares dos partidos políticos que coabitam no nosso imaginário coletivo nacional, chegamos rápido a uma conclusão inegável. As próximas eleições serão bastante perigosas para os jornalistas. As Forças de Ordem instrumentalizadas pelos políticos no poder não estão interessadas a ver os jornalistas que apliquem a transparência noticiosa como a base de legitimação da democracia multipartidária na Guiné-Bissau.
Está em curso, hoje no nosso país, um processo de aniquilação de um verdadeiro jornalismo na Guiné-Bissau. Os políticos, hoje no poder, querem transformar o cidadão guineense numa massa permeável e num terreno fértil para as influências dos seus interesses particulares. Pretendem levar os jornalistas a quebrar, no conflito saudável de ideias, a base de legitimidade de um Estado democrático da Guiné-Bissau.
Os políticos hoje no poder não estão disponíveis a ver, na Guiné-Bissau, um imaginário coletivo de conflito saudável de ideias que desenvolvesse com o apoio dos jornalistas como um dispositivo de legitimidade democrática fora do seu controle. Estão a criar uma ilusão de vontade coletiva com a única finalidade de reforçar as suas posições eleitorais nas próximas eleições legislativas e presidenciais.
Nas próximas eleições, na Guiné-Bissau, quer legislativas quer presidenciais, serão sempre as eleições de alto risco para os jornalistas. Serão as eleições onde haverá muitas infodemias. Os partidos políticos não deixarão os jornalistas exercer a capacidade de separar a informação verídica da falsa na sua infodemias.
Os partidos políticos no poder não deixarão, por exemplo, que os jornalistas publiquem, durante as próximas eleições legislativas e presidenciais, as notícias de legitimidade funcional de estado da democracia da Guiné-Bissau.
Não aceitarão que os jornalistas relatem o seu território politico eleitoral pantanoso, que torne público a manobra dos seus interesses partidários,particularmente organizados para vencer as eleições legislativas e presidenciais.
Na Guiné-Bissau, existem territórios eleitorais politicamente pantanosos porquanto jornalista é espancado e proibido de erguer barreiras da verdade contra a progressão da ilegalidade de poderes políticosinstaladas, para proteger os fracos contra os fortes. Assim, os espancamentos permanentes dos jornalistas, na Guiné-Bissau, é a forma de procurar estabelecerdentre jornalistas a teoria de medo antes das próximas eleições legislativas e presidenciais.
A classe política no poder, hoje na Guiné-Bissau, pretende aniquilar, por completo a singularidade do papel do jornalismo na democracia multipartidária. Pretendem acabar com o espirito de participação democrática e transparente do cidadão guineense no processo político e eleitoral.
Os jornalistas deixarão, assim, de interessar-se pela ilegalidade nas instituições de Estado e nos territórios pantanosos eleitorais dos partidos políticos no poder.
Por: Drº António Nhaga
Diretor Geral