I – China tem um intercâmbio histórico com o Islão
O Islão foi oficialmente introduzido na China em 651 por enviados ao imperador da dinastia Tang, enviados pelo terceiro sucessor de Mohammed, Khalifa Uthman ibn Affan (577-656). No entanto, o Islão realmente entrou na China mais cedo através de contatos com mercadores árabes e quatro discípulos de Mohammed que foram enviados para a China entre os anos 618 e 626. O primeiro desses quatro missionários foi para Guangzhou, o segundo para Yangzhou, e o terceiro e quarto para Quanzhou. Os túmulos dos dois últimos são preservados hoje em uma colina perto de Quanzhou.
Desde os comerciantes árabes e persas que viajavam pela Rota da Seda e estabeleceram contato com a China, o Islão espalhou-se pelo país, principalmente nas regiões de Xinjiang, Ningxia e Gansu. Na dinastia Yuan (1206-1368), o Islão estava prosperando na China. Os governantes das dinastias Ming (1368-1644) e Qing (1644-1911) nada fizeram para desencorajar o crescimento do Islão, esse crescimento autónomo é prova de ter havido tolerância relativamente a religião islâmica, que é uma religião estrangeira na China, ao mesmo tempo, fazendo funcionar uma complementariedade e intercâmbio recíprocos. Assim: Estudiosos islâmicos na China traduziram muitas obras clássicas das línguas árabe e persa para o chinês, abrindo daquela forma a promoção do conhecimento médico islâmico que, associado ao conhecimento chinês nos setores de matemática e astronomia, culminou numa teia de conhecimento diversificado em prol de ambas as partes envolvidas.
II – Os mulçumanos integraram-se gradualmente à grande família da nação chinesa
Ao longo dos séculos, os muçulmanos chineses integraram-se gradualmente à sociedade chinesa quando contribuíram significativamente para a cultura e a economia do país. Hoje em dia, estima-se que existam cerca de 25 milhões de crentes islâmicos em China, a maioria dos quais são sunitas. Existem referencias de que todos os muçulmanos da China, estão unidos no quadro da Associação Islâmica Chinesa, fundada em 1953 e, defendendo o sistema socialista liderado pelo Partido Comunista da China.
Os muçulmanos chineses são extremamente diversos em termos de etnia e prática religiosa. Há Uigures, Hui, Dongxiang, Salars e outras minorias étnicas que seguem o Islão. Diz-se que têm características fisionómicas próprias, vestem-se de trajes típicas, têm um estilo de vida com pouca semelhança a de outros. Alguns deles são loiros e de olhos azuis. Outros têm cabelos escuros e características árabes. Os que habitam junto da fronteira norte da China têm semelhanças com as minorias étnicas muçulmanas que vivem na Rússia. Essa diversidade é uma das características mais interessantes da comunidade muçulmana na China e mostra como o Islão pode ser adaptado às diferentes culturas. Essa flexibilidade do Islão é muito comum nos países africanos, com maior relevo nos países sub-sarianos. Há quem entenda que uma tal flexibilidade do Islão tem muito contribuído na expansão, aceitação e consequentemente na sua instalação em diferentes quadrantes do Planeta Terra, adaptando-se a realidades locais, isto dentro de limites aceitáveis. Ao longo da historia tem-se assistido um diálogo, uma interação intercultural cada vez mais profundo, mais rico e honesto entre a cultura chinesa e o islão, seja na arquitetura, na culinária e em outros aspetos socioculturais.
III – A política chinesa da liberdade de crença religiosa
A Constituição da Republica Popular da China (RPC) garante à todos os cidadãos chineses a liberdade de crença religiosa. O Estado protege as atividades religiosas e os legítimos direitos e interesses dos religiosos. A Constituição, o Direito Penal, o Direito Civil, o Direito Eleitoral, a Lei do Ensino Obrigatório, o Direito do Trabalho, a Lei da Autonomia Étnica Regional e os Princípios Gerais do Direito Civil estabelecem disposições explícitas e pormenorizadas sobre a proteção da liberdade de crença religiosa e da igualdade de direitos dos crentes.
Nenhum órgão do Estado, organizações públicas e indivíduos pode obrigar os cidadãos a acreditar ou não acreditar em qualquer religião, nem pode discriminar cidadãos que acreditam ou não acreditam em qualquer religião.
Os cidadãos chineses não só têm direito à liberdade de crença religiosa, como também têm de cumprir os seus deveres prescritos pela Constituição e pela lei. A Constituição da RPC estipula explicitamente: “Ninguém pode fazer uso da religião para se envolver em atividades que perturbem a ordem pública, que prejudiquem a saúde dos cidadãos ou interfiram no sistema educacional do Estado”. Para aqueles que fazem uso da religião para se envolver em atividades ilegais, o Governo chinês irá puni-los de acordo com a lei, independentemente de serem crentes religiosos ou não. Os crentes religiosos que violaram a lei, de igual modo como qualquer outro cidadão chinês, serão penalizados de acordo com a lei como qualquer outro cidadão que tenha violado a lei.
IV – Os êxitos notáveis do desenvolvimento sócio-económico de Xinjiang
Xinjiang, oficialmente a Região Autónoma Uigur de Xinjiang, é uma região autónoma da República Popular da China estabelecida em 1955, localizada no noroeste do país, na encruzilhada da Ásia Central e Ásia Oriental. Sendo a maior divisão ao nível das províncias da China por área e, a 8ª maior subdivisão de países do mundo, Xinjiang estende-se por mais de 1,66 milhões de quilómetros quadrados (620.000 milhas quadradas) e tem cerca de 25 milhões de habitantes. Xinjiang é habitada por 56 grupos étnicos diferentes, os maiores dos quais são os Uigures e os Hans.
Em Xinjiang foram encontradas nas últimas décadas, abundantes reservas de petróleo e minerais. Também é a maior região produtora de gás natural da China. A região contém mais de um quinto dos recursos de hidrocarbonetos da China e tem a maior concentração de reservas de combustíveis fósseis, em comparação com qualquer outra região do país. Além disso, Xinjiang é uma região maioritariamente desértica, apenas cerca de 10% do seu enorme território é apto para habitação humana, e produz cerca de um quinto do algodão do mundo. A indústria de algodão de Xinjiang é a maior exportadora de algodão ao nível mundial, produzindo 84% do algodão chinês, enquanto o país fornece 26% da exportação global de algodão. A produção assim como a colheita do algodão é dotada de modernidade de topo. Nos últimos anos, com o rápido desenvolvimento da ciência e tecnologia, a colheita de algodão em Xinjiang entrou na era de internet. Os agricultores podem realizar a colheita mecanizada à distancia, sem sair da casa, só através de um app no telemóvel. A chamada alegação de obrigar as minorias étnicas a colher algodão não tem qualquer fundamento.
O desenvolvimento económico de Xinjiang é uma prioridade para a China. Nos mais de 40 anos desde que a China iniciou a Reforma e Abertura em 1978, o crescimento anual do rendimento disponível per capita de Xinjiang foi, em média, superior a 12%. Mais de 3 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema nos últimos anos e a esperança média de vida em Xinjiang aumentou de 30 para 75 anos nos últimos 60 anos. O PIB de Xinjiang tem aumentado 7% ao ano nos últimos tempos. O desenvolvimento económico e infraestrutural está a acontecer muito rapidamente de uma forma admirável e impressionante, fazendo de Xinjiang a província com o maior número de aeroportos civis (27) na China e as suas cidades, como Ürümqi e outras, com um panorama muito moderno. A região tornou-se nos últimos anos, especialmente desde 2019 em termos infraestruturais e económicos e também em termos de desenvolvimento social e convivência entre diferentes grupos, num nível muito elevado de prosperidade e crescimento.
V – A estabilidade de Xinjiang é a pre-condição da vida e trabalho feliz de todas as etnias
Entre as décadas de 1990 e 2010, a influência de “três forças” resultou em agitação na região com ataques terroristas. A luta contra o terrorismo e o extremismo é, inquestionável e inegavelmente, uma causa justa. As forças anti chinesas nos EUA e em alguns outros países ocidentais enquadram a luta de Xinjiang contra o terrorismo como “supressão de minorias étnicas”, pintam os seus esforços de desradicalização, como “eliminação da religião” e “perseguição dos muçulmanos”, e descaracterizam a punição baseada na lei de terroristas e extremistas como violações dos direitos humanos. Eles vêm tentando difamar a política de China em relação a Xinjiang sob o disfarce de “direitos humanos” enquanto tentam em primeiro lugar semear a discórdia entre a China e o mundo islâmico.
Ali Rashid Al Nuaimi, Presidente do Conselho Mundial das Comunidades Muçulmanas:
“Não houve uma única atividade terrorista violenta em Xinjiang nos últimos anos, e a região erradicou a pobreza absoluta, o que são grandes conquistas que trouxeram benefícios tangíveis para a população local” .
As pessoas que vivem em Xinjiang sentem profundamente a luta da região contra o terrorismo e o extremismo, e expressaram a sua compreensão e apoio de várias formas. Desde janeiro de 2020, mais de 675 pessoas partilharam as suas experiências pessoais com os meios de comunicação chineses e estrangeiros nas conferências de imprensa realizadas pelos uigures de Xinjiang. Desde setembro de 2021, mais de 170 pessoas de vários grupos étnicos em Xinjiang enviaram e-mails para Michelle Bachelet, a Alta Comissaria das Nações Unidas para os Direitos Humanos. As vítimas dos violentos incidentes terroristas escreveram para denunciar a brutalidade das forças terroristas e extremistas. Figuras religiosas escreveram sobre os esforços de Xinjiang para salvaguardar a liberdade de crença religiosa de acordo com as leis. Especialistas, estudiosos e o público em geral escreveram sobre a descoberta, herança e proteção de atividades tradicionais de vários grupos étnicos em Xinjiang. Os trabalhadores migrantes escreveram para partilhar histórias sobre o seu trabalho independente e as suas empresas em fase de arranque. As cartas ilustravam sua felicidade duramente conquistada e expressavam sua indignação com os ataques e calúnias das forças anti chinesas nos EUA e em alguns outros países ocidentais.
VI – Xinjiang mostra à comunidade internacional a imagem aberta e progressiva
Para que a comunidade internacional saiba mais sobre a real situação em Xinjiang, desde o final de 2018 até ao final de julho de 2022, a região convidou pessoas de todos os setores da comunidade internacional a verem Xinjiang por si próprias. 2.332 pessoas de 138 países, regiões e organizações internacionais visitaram Xinjiang em 172 grupos, incluem agências e funcionários da ONU, enviados diplomáticos estrangeiros na China, representantes permanentes dos países relevantes junto do Gabinete das Nações Unidas em Genebra, funcionários do Secretariado da OCI, Secretário-Geral da Organização de Cooperação de Xangai, um meio de comunicação social da ASEAN e grupos de reflexão, chefes de grupos religiosos estrangeiros, figuras religiosas dos países relevantes, acadêmicos e estudantes internacionais que estudam na China, entre outros.
Durante suas visitas, foram capazes de trocar ideias com pessoas de todas as esferas da vida, e ver por si mesmos a sociedade pacífica e ordeira em Xinjiang, e a felicidade e prosperidade desfrutadas pelas pessoas de lá. Falam de forma positiva das realizações de Xinjiang na garantia da estabilidade e do desenvolvimento e das suas medidas de proteção dos direitos humanos e de luta contra o terrorismo e o extremismo. Os muitos e diversos visitantes a província de Xinjiang no mês de Abril do ano 2023, dos países Latino-americanos, Asiáticos e Africanos (14 países) confirmam que a realidade em Xinjiang é totalmente diferente das reportagens tendenciosas que as medias ocidentais tentam propagar das iniciativas chineses para o desenvolvimento da região e a erradicação do terrorismo.
O Cônsul-geral da Indonésia, o país com o maior número de muçulmanos no mundo, em Guangzhou salientou que os muçulmanos em Xinjiang são livres para irem a mesquita a orar e que não é verdade que o governo chinês não permite que os muçulmanos pratiquem as suas atividades religiosas. Como país com maior população muçulmano no mundo, a Indonésia opõe-se as forças externas que manipulam a questão de Xinjiang e com sua interferência nos assuntos internos da China, tentam dividir esse país.
Mais de 30 estudiosos islâmicos de 14 países, incluindo Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito, liderados por Dr. Al Nuaimi, viajaram por Xinjiang em janeiro de 2023. Os visitantes concluíram que as políticas antiterrorismo da China têm sido muito bem-sucedidas, com todos os grupos étnicos, alcançando uma coexistência pacífica e que a experiência a este respeito é de vital importância para os países combaterem eficazmente o terrorismo, disse ele. Os membros da delegação disseram que o que viram em Xinjiang é totalmente diferente do que foi pintado por alguns meios de comunicação social, e as acusações contra a situação dos direitos humanos em Xinjiang e o chamado genocídio cultural uigur não passam de distorção dos factos. Mas, bem ao contrário, a civilização islâmica e a civilização chinesa interagiram amigavelmente ao longo dos tempos. Além disso, manifestaram disponibilidade para aprofundar a cooperação entre o mundo islâmico e a China e apoiam firmemente a posição da China sobre as questões relacionadas com Xinjiang.
Bissau, dezembro de 2024
Por: Dr. Augusto Idrissa Embaló (Ph.D)
E-mail: idrissaembalo@hotmail.com