Celebração da festa do Natal: CRISE POLÍTICA E SOCIAL FUSTIGA CONSUMIDORES E DEIXA-LHES SEM PODER DE COMPRA

A crise política, económica e social que fustiga os consumidores nos últimos anos na Guiné-Bissau tem deixado muitas famílias guineenses sem poder de compra e o mesquinho pela subida de preços nos mercados, particularmente das pessoas que vivem de suas atividades e os funcionários cujos salários demoram até chegarem-lhes às mãos, alguns até ao momento desta reportagem não tinham recebido salário nenhum.

A falta de dinheiro e subida de preços de produtos no mercado limitou o poder de compra das pessoas, sobretudo dos cristãos que não estão a conseguir adquirir bens necessários para a quadra festiva do Natal, nomeadamente géneros alimentares, brinquedos e roupas para os filhos. O Natal é uma festa religiosa para os fiéis católicos que comemoram o nascimento do Menino Jesus.

No decorrer da semana da véspera do Natal, O Jornal O Democrata fez uma passeata aos diferentes mercados da capital Bissau com o intuito de acompanhar a movimentação das pessoas  nos mercados  para as compras e  notou-se uma fraca movimentaçãode pessoas junto dos mercados visitados, nomeadamente mercados de Bandim, de Caracol e o Espaço Verde, que neste período deveriam estar mais aglomerados de clientes que entram e saem para a compra de produtos alimentares, roupas assim como brinquedos ou presentes para as crianças.

Interpelado pela reportagem do jornal O Democrata, Manelinho Nanque, um dos vendedores de carne no mercado de Caracol, lamentou a pouca afluência de clientes, tendo em conta a falta de dinheiro que se verifica este ano e confessou ao semanário O Democrata que o negócio estava a evoluir a conta gotas e que a única esperança que tinha de conseguiralguma coisa talvez fosse nos dias 23 e 24, dias em que naturalmente pessoas vão aos mercados em massa.

Manelinho Nanque disse que o mercado estava totalmente fraco em termos de aderência de utentes para fazerem as suas compras do Natal.

Hilária Monteiro, uma senhora que foi fazer algumas compras, disse à repórter do semanário que a atual conjuntura política não permite que se façam compras necessárias e que por enquanto a prioridade é comprar roupas e calçados para as crianças. 

“Vou deixar outra parte para os próximos dias, caso consiga algum dinheiro. Este ano as coisas estão mais caras em relação ao ano passado, porque no ano passado comprei as minhas coisas mais cedo”, referiu. 

ACOBES PEDE PONDERAÇÃO AOS CONSUMIDORES NESTE QUADRA FESTIVA DO NATAL E DO ANO NOVO 

A Associação de Consumidores, de Bens e Serviços (ACOBES) aconselhou os consumidores e a população em geral a terem atenção ao mercado e não se deixarem serem enganadas na venda ou compra de qualquer produto de proveniência duvidosa. 

O Secretário-geral da Associação de Consumidores, Bens e Serviços, Bambo Sanhá, alertou que neste momento há muita procura e oferta no mercado entre os vendedores e consumidores e as mercadorias em abundância. Lembrando que muitos comerciantes neste período do ano não agem com boa fé, tentam enganar osconsumidores e colocam no mercado produtos altamente duvidosos com prazos de validade expirados e malconservados.

A ACOBES apelou aos consumidores a evitarem comprar qualquer produto considerado duvidoso, em termos de sua conservação ou prazo de validade.

Bambo Sanhá apelou à população a observar com muita atenção os produtos, sobretudo a parte de conservação, antes de pagar, porque “os produtos podem estar no prazo de validade, mas podem ter problemas de conservação”. 

“E um momento em que o mercado se encontra muito agitado. O consumidor que tem dinheiro tem o direito às suas escolhas, portanto tem que ter muita paciência em escolher produtos de qualidade para que não venha a arrepender-se”, indicou, afirmando que o mercado guineense tem grande fragilidade em termos de controlo de qualidade de produtos, assim como em termos de controlo de preços.

“Ser um mercado livre não é sinónimo do preço livre”, frisou. 

Perante esta situação, o Secretário-geral da ACOBES exortou às autoridades nacionais a controlarem a especulação de preços dos produtos no mercado.

“A nossa população esta sem poder de compra há muito tempo, razão pela qual o pouco que tem não deve ser roubado abusivamente devido à falta de um determinado produto no mercado”, notou.

Para Sanhá “não é justo ou normal esconder um produto para que possa fazer falta no mercado para depois retirá-lo e vender a um preço ao seu gosto”.

Bambo Sanhá apelou aos comerciantes no sentido de agirem com boa-fé no mercado e colocarem à disposição dos clientes produtos de qualidade e sem risco ao consumidor final e a um preço justo e terem também seus lucros normais sem abusar dos clientes.

ACOBES chamou alertou à população no sentido de fazer poupança de um pouco que têm nesta quadra festiva do Natal e Ano Novo, evitando fazer compras desnecessárias e gastos exorbitantes, porque “nos dias seguintes poderemos ter uma vida caro, se não nos acautelarmos. A quadra festiva passa e a vida continua e vamos enfrentar outros desafios maiores como saúde e problemas familiares”. 

“Não podemos ou devemos gastar até fora do limite ou mais do que temos. Enquanto consumidores, devemos fazer despesas e consumo moderados”, insistiu.

“Queremos chamar atenção ao consumidor, porque neste momento o mercado esta inundado de vários produtos deorigens diferentes e com datas de validades diferentes”, lembrou

Para evitar quaisquer consequências futuras, o Secretário-geral da ACOBES aconselhou o consumidor a pedir informações sobre a validade e a condição de conservação dos produtos, antes de pagar e levá-los para casa para não se arrepender depois.

ACOBES ALERTA SOBRE O PERIGO DE CONSUMIR PRODUTOS FRESCOS E ENLATADOS

Segundo Bambo Sanhá, neste período o país está cheio de produtos congelados em todos os mercados e muitos deles estão fora de caixas, o que considera ser um procedimento duvidoso para o consumo humano, já que nestas condições não se pode ter informações concretas e corretas dos produtos, sobre da validade e proveniência.

Sanhá denunciou que alguns comerciantes agem com má-fé e quando a validade do produto expira, retiram o produto da embalagem e começam a marca-lo nas mesas, tentando enganar o consumidor como um produto barato “quando na verdade   é um produto duvidoso para o consumo”.

Outra preocupação levantada pela ACOBES tem a ver com a situação de produtos enlatados que contêm datas de validade muito longas que acabam por entrar em situação de má conservação e de ferrugem de latas, “sinais que indicam que um determinado produto está num estado de má conservação”, para de seguida aconselhar a população a evitar comprar estes tipos de produtos duvidosos. 

Em relação a farinha, Sanha apelou aos consumidores a verificarem bem a farinha que vão comprar, uma vez que neste momento a farinha tem muita procura, tendo em conta os diferentes produtos derivados dela como bolo, bolacha, fidjoce, entre outros.

Pediu à população a ter cuidados com sua conservação, sendo um produto que sai de armazéns e perde o seu gás em termos de conservação e até pode ser notada a presença de bichos, porque” pode estar num local que não tem higiene ou ficou muito tempo no armazém”.

Em relação ao Arroz, alertou que arroz pode estar com impurezas e estar fora do prazo devido à humidade, razão pela qual recomendou ao consumidor a comprar sempre arroz limpo que não vai causar outros problemas.

” Neste momento vamos ter muita carne a circular no mercado. Temos que ter cuidado com a carne que vamos consumir. Muita agente faz abates de forma clandestina, sem as mínimas condições higiénicas e os animais são abatidos sem examinação de técnicos veterinários, o que poderá vir a afetar a saúde de um ser humano”, alertou.

A  ACOBES criticou a morosidade que se verifica nos bancos comerciais, uma situação agravada com o problema de multibancos que criam muitosestrangulamentos aos clientes.

BAMBO SANHÁ PEDE AOS BANCOS COMERCIAIS A SEREM ÁGEIS NO ATENDIMENTO

Bambo Sanhá pediu aos estabelecimentos bancários a agilizarem na resolução de problemas dos seus clientes, sobretudo nesta quadra festiva do Natal e Ano Novo.

Apelou às autoridades competentes, em particular ao Ministério das Finanças, a evidenciarem esforços em pagar todos os trabalhadores para permiti-lhes passar asfestas de forma agradável os lados das suas famílias.

No que tange a energia pediu que seja baixada a tarifa que está a ser praticada com a energia da OMVG, porque “tem consequências económicas, sociais muito grandes na vida das populações e disse que é urgente o governo baixar o preço da energia da OMVG para que todos os cidadão tenham acesso à luz.

À empresa de Eletricidade e Águas (EAGB), apelou no sentido de garantir a luz em qualidade e quantidade para evitar estragos que ocorrem nas casas dos clientes.

Desafiou a ARN a entabular ou evidenciar esforços juntos das empresas de telecomunicações no sentido de aumentarem suas capacidades e a qualidade dos seus serviços para os consumidores, a fim de permitir que as pessoas possam comunicar facilmente com os familiares e amigos pelo resto do país e na diáspora.

Sanha chamou atenção às autoridades nacionais no sentido de impedir a importação de pneus usados vindos de outros países da África, assim como da Europa, por estes serem um dos fatores de vários acidentes que ocorreram na Guiné-Bissau.

“Os motoristas devem ter maior prudência e quem beber álcool deve evitar de conduzir. É um risco para a vida das pessoas”, disse. 

Por: Carolina Djemé

Author: O DEMOCRATA

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