O representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) na Guiné-Bissau, Mohamed Hamma Garba, revelou na quinta-feira, 30 de janeiro de 2025, que mais de 107 mil pessoas no país enfrentam insegurança alimentar aguda, alertando que, se “medidas imediatas” não forem tomadas, esse número poderá aumentar para quase 130 mil até o final de 2025.
O representante fez esse alerta durante a cerimónia de entrega do perímetro hortícola de oito hectares em Bula, na região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau. O Projeto de Urgência de Segurança Alimentar (PUSA) é uma iniciativa do governo guineense, implementada pela FAO e com o apoio do Banco Mundial.
A iniciativa visa contribuir para a segurança alimentar e nutricional, além de melhorar as condições de vida das mulheres horticultoras de Bula. A cerimónia contou com a presença do Primeiro-Ministro, Rui Duarte Barros, e da Ministra de Agricultura, Fatumata Binta Baldé.
O perímetro abrigará mais de trezentas mulheres de diferentes associações, organizadas em cooperativas. Os componentes do projeto PUSA incluem apoio à produção agrícola e às redes de segurança comunitária, com transferência monetária para as famílias mais vulneráveis durante a pandemia de COVID-19.
No seu discurso durante a cerimónia de recepção provisória da área hortícola de 8 hectares na cidade de Bula, no norte do país, Mohamed Hamma Garba afirmou que a solução para esta situação passa, em grande medida, pelo reforço das capacidades locais e pela capacitação dos grupos vulneráveis, nomeadamente as mulheres, que “desempenham um papel fundamental na produção e no abastecimento alimentar”.
Ele acrescentou que a construção daquele perímetro é um passo decisivo para garantir às mulheres horticultoras não só melhores condições de trabalho, mas também o acesso a recursos e a um ambiente mais sustentável que promova a produção agrícola e, consequentemente, a segurança alimentar e nutricional de suas famílias e comunidades.
“A FAO gostaria de aproveitar esta oportunidade para expressar sua gratidão ao governo da República da Guiné-Bissau e ao Banco Mundial por lhe terem confiado a implementação deste importante projeto”, disse.
Dados estatísticos indicam que o Projeto de Emergência de Segurança Alimentar (PUSA) alcançou resultados “muito bons”, nomeadamente o rendimento do arroz aumentou de 1,6 para 4,5 toneladas por hectare, cerca de meio milhão de animais foram vacinados ou tratados, uma escala sem precedentes na história da Guiné-Bissau. Mais de 75 mil agricultores vulneráveis receberam apoio direto, e 13.500 deles foram formados em técnicas agrícolas modernas, através das escolas de campo para agricultores. As capacidades técnicas e funcionais dos serviços do Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural também foram reforçadas com a formação de mais de 300 técnicos.
O representante da FAO na Guiné-Bissau informou que o perímetro hortícola não é apenas um espaço físico, mas um símbolo do potencial de trabalho coletivo e de crescimento. Acrescentou que a entrega do perímetro não significa, de forma alguma, que a FAO esteja abandonando os futuros beneficiários e proprietários daquelas infraestruturas, pelo contrário, continuará a apoiar a gestão e o desenvolvimento da área, além do fortalecimento das capacidades das mulheres.
“A FAO, assim como todas as Agências, Fundos e Programas das Nações Unidas na Guiné-Bissau, está empenhada em apoiar o Governo da Guiné-Bissau na realização dos objetivos de desenvolvimento socioeconômico estabelecidos no Quadro de Cooperação das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável da Guiné-Bissau 2022-2026, bem como no Plano Nacional de Desenvolvimento”, assegurou.
Por: Aguinaldo Ampa