CONTAS EXTERNAS DA GUINÉ-BISSAU EM 2023 FORAM DEFICITÁRIAS – relatório de BCEAO

O Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) apontou que os resultados das contas externas da Guiné-Bissau referentes ao ano de 2023 indicam um saldo global deficitário de 23,1 mil milhões de francos CFA, após um défice de 63,8 mil milhões de FCFA, em 2022.

Os dados foram revelados esta quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025, pela Diretora Nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO), Zinaida Maria Lopes Cassamá, na cerimónia de abertura da jornada de divulgação de contas externas da Guiné-Bissau referentes a 2023.

Na ocasião, Zinaida Maria Lopes Cassama alertou que os resultados evidenciam a importância de aprofundar as reformas económicas e a necessidade de diversificar as fontes de receitas externas de forma a reduzir a vulnerabilidade do país perante os choques externos.

A Diretora Nacional do BCEAO destacou, entre outras linhas de ações prioritárias, como a diversificação das exportações, explicando que é imperativo apoiar os setores produtivos nacionais que tenham potencial para gerar mais-valia, como a transformação Agro-industrial, as indústrias extrativas e o turismo sustentável, que pode ajudar a reduzir a vulnerabilidade face às oscilações dos preços das “commodities” no mercado internacional.

A segunda prioridade destacada tem a ver com a redução elevada de dependência relativamente às importações  e a Melhoria do ambiente de negócios, um ambiente determinante para atrair mais investimentos diretos estrangeiros e a última prioridade são as remessas enviadas pela diáspora, que evidenciam o papel importante dos recursos no apoio à economia nacional.

Zinaida Maria Lopes Cassama defendeu que todos os atores devem assumir o seu papel num quadro de colaboração e num processo participativo.

“O BCEAO, no que lhe diz respeito, tem vindo a implementar reformas há vários anos para reforçar a estabilidade financeira das nossas economias, a resiliência do setor financeiro, o financiamento das pequenas e médias empresas e a inclusão financeira”, afirmou

Para Zinaida Marias Lopes Cassama vários desafios interpelam o banco comunitário num contexto internacional caracterizado por incertezas persistentes, no entanto considerou que as perspetivas são positivas com as primeiras estimativas apontarem para um saldo positivo da balança de pagamento de 11,0 mil milhões de FCFA para 2024 e que essa tendência deverá manter-se em 2025 sob reserva de uma boa campanha de comercialização da castanha de cajú.

Presidindo a cerimónia de abertura, o Ministro das Finanças Públicas, Ilídio Vieira Té, assegurou que o ano 2023 decorreu num cenário internacional particularmente desafiador,marcado pelas repercussões de crises geopolíticas, pressões inflacionistas persistentes e uma elevada volatilidade nos mercados globais.

Perante esta situação, o governante defendeu que esses fatores exerceram um impacto considerável na economia nacional refletindo-se na balança de pagamentos e na evolução das transações comerciais com o exterior.

O titular da pasta do ministério das finanças disse que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) situou-se em 4,4% em 2023, abaixo dos 5,6% registados no ano 2022, refletindo os desafios da conjuntura económica. 

“A inflação média anual manteve-se elevada atingindo 7,2%, o que impactou o poder de compra da população e o custo das importações”, reforçou, para de seguida alertar    que a economia nacional continua excessivamente dependente do setor agrícola, em particular da castanha de cajú, o que expõe a choques externos e limita o potencial de crescimento. 

Ilídio Vieira Té  defendeu, no seu discurso, que é fundamental  que a Guiné-Bissau assuma a diversificação da estrutura produtiva e exportadora como uma prioridade estratégica para garantir uma economia mais resiliente e sustentável.  

Por: Carolina Djeme

Fotos: CD

Author: O DEMOCRATA

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