Carnaval 2025: COORDENADOR DE NETOS DE BANDIM DEFENDE A CRIAÇÃO DE CONDIÇÕES PARA O CARNAVAL

O coordenador do grupo Cultural Netos de Bandim, Hector Diógenes Cassamá (Negado), defendeu que para mudar a fragilidade do carnaval da Guiné-Bissau, o Estado guineense precisa de duas coisas: criação de condições para a institucionalização do carnaval ou que a nova comissão encarregue de organizar o próximo carnaval tome posse logo depois do carnaval 2025, para permitir que comecem os trabalhos quanto antes.

“É preciso criar as condições para o carnaval, desde meios económicos para permitir que os fazedores do carnaval criem coisas para o carnaval. A segunda coisa a fazer é a sensibilização das pessoas sobre a importância do carnaval. É preciso que o Estado compreenda a contribuição económica que o carnaval tem para os cofres do Estado”, sublinhou.

BARRACAS PODERIAM TER SIDO UTILIZADAS PARA VENDER COMIDAS TRADICIONAIS DA GUINÉ-BISSAU

Hector Diógenes Cassamá defendeu a necessidade de utilizar as barracas para vender comidas tradicionais da Guiné-Bissau, realizar concurso de culinária e, como uma das condições obrigatórias, que cada a barraca tivesse um prato típico de um grupo étnico para representar durante o período do carnaval como forma de vender a gastronomia guineense.  

Questionado se este modelo adotado nos últimos tempos para manifestar o carnaval tem fragilizado ou ajudado a cultura,disse que nem um nem outro tem ajudado a cultura guineense, mas podia-se aproveitar essa oportunidade para mostrar a gastronomia guineense.  

O Carnaval é um momento ímpar que pode permitir a outras pessoas utilizarem trajes guineenses, assim como descobrir a beleza dos trajes nacionais em termos turísticos.

Em relação ao concurso que nos últimos anos foi relegado a terceiros planos, Hector Diógenes Cassamá reconheceu que quando não há concurso entre grupos diminui um pouco o nível de competitividade, razão pela qual seria salutar realizar concursos do que participar. Também não adianta realizar concursos e não premiar os vencedores.

Hector Diógenes Cassamá disse que o fato de não haver concurso de premiação não significa que os grupos ou fazedores do carnaval não podem fazer algo que servirá como elemento diferenciador entre um ou outro grupo.

Para Hector Diógenes Cassamá, a alternativa é sempre criar novas coisas e pensar na criatividade para fazer um carnaval diferente, porque “o sucesso da maior manifestação cultural do país não depende apenas do Estado, do governo ou do patrocínio, mas também de cada cidadão, para de seguida pedir à sociedade, aos fazedores do carnaval, no sentido de criarem memórias coletivas que permitam que as pessoas tenham imagens ou algo que as permitam manifestar o carnaval mesmo estando fora do país.  

Convidou a comunicação social a desempenhar um papel importante na sensibilização e na consciencialização da sociedade sobre a necessidade de todos os cidadãos participarem, vestirem e dançarem o carnaval desde que a religião de cada um não lhe impeça ou vede a possibilidade de participar no carnaval.   

INTERNACIONALIZAÇÃO DO CARNAVAL PODE AJUDAR A GUINÉ-BISSAU A VENDER A SUA IMAGEM POSITIVA

Em relação à ideia de internacionalização do carnaval, Cassamá disse que o carnaval pode ajudar a Guiné-Bissau, mas essa ideia apenas pode ser concretizada, se o Estado assumir que o carnaval guineense é um dos mais ricos do mundo.

“Até hoje não existe nenhum site sobre o carnaval da Guiné-Bissau. Então se tem um país que tem um carnaval rico e não consegue colocá-lo além-fronteiras, significa que a Guiné-Bissau não quer riqueza para o seu povo”, lamentou e defendeu que para que possa ser internacionalizado será preciso que haja uma estrutura que poderá ajudar na questão da sua internacionalização, permitindo que o carnaval guineense venda muito no estrangeiro.

“Os Netos de Bandim tinham um projeto que denominou Carnaval no espaço da UEMOA. Não conseguimos concretizar, devido à falta de financiamento. Levando o carnaval para o espaço da UEMOA, num primeiro momento, e depois no espaço da CEDEAO, com certeza poderíamos ter vendido o carnaval da Guiné-Bissau em vários países do mundo”, insistiu.   

Em relação ao envolvimento do Instituto Nacional de Estudos Pesquisa (INEP) no processo de recuperação da verdadeira imagem do carnaval, defendeu que o importante é que o INEP faça um trabalho de resgate, de preservação e de criação de memórias do que é o carnaval, a fim de permitir que haja um documentário que permitirá às gerações vindouras terem elementos a seguirem para fazer o carnaval. 

Defendeu a necessidade de levar em consideração a implementação de vários festivais como nas datas como o dia 12 de setembro, o Dia Nacional da cultura, assim como no dia 25 de maio que passam de forma despercebida na Guiné-Bissau. Estas datas poderiam ajudar na promoção e defesa da cultura guineense.

O coordenador do grupo cultural Netos de Bandim apelou ao governo no sentido de criar um subsídio ou incentivo antes do carnaval para movimentos ou grupos carnavalescos, a fim de permitir que tenham um suporte financeiro para criar, inovar e fazer um carnaval rico na nossa diversidade cultural.

Neste sentido, pediu ao governo no sentido de disponibilizar uma fatia no Orçamento Geral do Estado para a cultura a fim de permitir que a cultura tenha pernas ou suportes para fazer seu trabalho. Igualmente pediu ao governo que trabalhe numa política nacional da cultura para que todos possam sentir os seus benefícios.

Por: Carolina Djeme

Fotos: Marcelo Ncanha Na Ritche

Author: O DEMOCRATA

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