
De um adolescente que sofreu do divôrcio dos pais, ao estudante universitário em Canada, e finalmente empresário de sucesso. Agora, possui poderes, que muitos Estados em conjunto ou individualmente não possuem. Nele, a visão é superpoderosa, de vocação mundial e universal, assumindo por vezes a forma de uma verdadeira transcendência. Este homem é Elon Musk.
O acesso a montanhas de dinheiro deu-lhe os meios necessários para cumprir o resto: a ambição. Faltava-lhe apenas o poder político à escala global que só o controle da Casa Branca poderia assegurar. Com a eleição de Donald Trump, o empresário possui assento no salão oval da Casa Branca, e com um aviso do Presidente, “quem não concordar com Elon Musk, que saia fora da Casa Branca.”
Na tomada de posse do Presidente Trump, estavam na sala três dos quatro homens mais ricos do mundo, Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, que controlam em larga medida mais de oito mil milhões de almas planetárias. Agora que controlam o resto do mundo, vão controlar os Estados Unidos, o seu único concorrente. Nessa missão Elon Musk parece estar mais adiantada em relação aos colegas. Ao “substituir” no essencial a NASA, o fundador da SpaceX mudou de dimensão: exerce, uma das funções soberanas do governo norte americano. Elon Musk, é fornecedor oficial da NASA, ou seja, o seu salvador: leva os astronautas para a Estação Espacial Internacional e, em breve, à Lua. O empresário resolveu dois problemas principais da NASA, ao mesmo tempo; assume os custos e reduz os riscos, quando deu ao programa espacial americano a visão e a inspiração que lhes faltava desde o fim dos vaivéns espaciais. Ele anunciou que precisaria de mil naves Starship, o foguetão reutilizável mais potente da história, que poderá transportar centenas de passageiros para estabelecer a primeira colónia em Marte.
É a mesma apropriação quando enche o céu de satélites de telecomunicações: como na terra, no mar e no ar, cada elemento com o seu exército, as imagens do espaço eram historicamente reservas aos grandes Estados; os satélites eram usados sobretudo para fins militares. O empresário possui agora um terço dos satélites que gravitam em torno da terra: a sua constelação Starlink inclui 3660 minissatélites em órbita baixa. A ambição é instalar 30 mil satélites. Quantos Estados têm essa capacidade?
Elon Musk é, individualmente, um sujeito político cuja influência transcende em larga escala as capacidades de muitos Estados. Na guerra entre a Rússia e Ucrânia, quando os “ursos russos” destruíram as infraestruturas de comunicação do vizinho, num combate em que a informática é indispensável para atingir os alvos com precisão, geolocalizar as colunas de blindados dos adversários, controlar o seu avanço, identificar as suas infraestruturas, etc. Elon Musk erigiu-se em cavaleiro e colocou centenas de satélites Starlink por cima da Ucrânia, que observam o campo de batalha e oferecem às forças terrestres, navais e aéreas o apoio que lhes faltava. Mais, distribuiu 20 mil estações de Internet ativas no interior do país, que puderam transmitir informações, fotografias e vídeos fornecidos pelos cidadãos.
Quando em outubro de 2022, pediu que o secretário americano da defesa pague ou reavalie a fatura da Starlink para os doze meses seguintes, devido à elevada despesa, a opinião pública protestou, então suspendeu a sua intervenção no conflito. O resultado foi “caos”, conta o jornalista Ronan Farrow. Ainda que não seja, tecnicamente, um diplomata ou um estadista, confessa Colin Kahl, “senti que era importante tratá-lo como tal, tendo em conta a sua influência nesta guerra.”
Pequim, que apoia a Rússia, observa a situação com inquietação: Xi Jinping não deseja que Musk vá um dia, da mesma forma, em socorro de Taiwan com os seus satélites. Porém, é pouco provável que isso aconteça, por simples razão, a fábrica da Tesla em Xangai é vital para todo o seu comércio na Ásia. Não desejando perder os lucros do negócio, não desejaria interferir nesse assunto. Esse homem, veio para (des) configurar tudo e todos, desde que seja da sua pretensão, sem sequer consultar os Estados, menos ainda os cidadãos comuns. O empresário lança o seu projeto de implantes cerebrais, e com isso, tem a intenção de recriar o homem como ciborgue. Vá Com Calma, Elon Musk!
Em 2017, Elon Musk fundou startup cuja missão é estabelecer uma ligação direta entre o nosso cérebro e os computadores graças a eletrodos implantados no córtex. Quer fazer de nós “seres aumentados” mesmo sem o nosso consentimento. Já se realizaram ensaios em macacos e porcos. Os trabalhadores descrevem um ambiente estressante, isto é, em vez de testar um elemento de cada vez e de tirar daí conclusões antes de passar ao teste seguintes, a startup americana, obcecada com a velocidade, lança vários testes em paralelo, provocando mais mortes de animais. Os testes em SERES HUMANOS, poderão começar em breve, aguardando apenas obter luz verde da Food and Drug Administration.
Elon Musk afirma ter medo da Inteligência Artificial, mas quando o fundador do Google Larry Page gozou com ele, chamando-lhe de “especista” , o magnata americano decidiu enfrentar tudo e todos nesse campo. Em finais de 2022, deu a conhecer ao mundo o lançamento de ChatGPT4, chamada IA generativa, capaz de responder de forma elaborada e argumentada a todas as perguntas que lhe fizermos, incluindo sobre as matérias dos exames de filosofia ou de matemática! A sua vocação, confidenciou a Fox News, é em relação a “uma IA que se preocupa em compreender o universo, não ameaça aniquilar os seres humanos”. ESPEREMOS QUE NÃO!
Elon Musk, é atualmente o homem mais rico do mundo, e prova que pode desafiar a concorrência em qualquer domínio tecnológico. A sua fortuna é avaliada em 244 mil milhões de dólares. Para chegar a esse nível, o empresário trabalha como um danado e faz trabalhar os seus colaboradores como nunca. O antigo vice-presidente responsável pela qualidade do Modelo, comenta: “um ano na Tesla equivalia a sete anos noutro lado, como os anos de cão” sem dúvida porque a obsessão pela velocidade é aí permanente. O problema que um construtor tradicional leva seis meses a resolver necessita, na Tesla, de uma reunião e de cinco dias. O seu biógrafo narra as críticas que Elon Musk fez a um dos colaboradores que faltara a uma reunião para assistir ao nascimento do filho: “isso não é desculpa, estou extremamente desiludido. Tens de decidir quais são as tuas prioridades” diz, Musk. Para o magnata, não há dogmas nem tabus, a única coisa que importa é a eficácia.
Elon Musk, e mais três magnatas, estão a impor uma nova ordem económica internacional em que as fronteiras são abolidas e os Estados são impotentes. E quando vemos a importância que as suas empresas têm, e a influência que em conjunto exercem sobre dois terços da população mundial, percebemos que muitas delas têm mais poder do que a maioria das nações. Ao contrário dos Estados que recorrem a grupos de «sábios» e organizam um debate democrático antes de tomarem decisões que envolvem as gerações vindouras e modificam a espécie humana, os multimilionários da tecnologia pensam que tudo o que pode ser feito deve ser feito, e que tudo o que é bom para eles é bom para todos. A vista disto, os que lhes podem parar através da legislação, não querem lhes parar, os que querem para-los, não podem. Em certos domínios, substituem os Estados ou opõem-se a estes. Um dia, poderão suplantá-los, sem terem recebido o aval do povo. Isto é inédito na história das democracias.
Por: Alberto Carfa Jaura